sexta-feira

naturezas

menos de 24 h numa cidade que dista milhares de kms, para onde se é atirada a trabalho em contra-relógio. só mesmo comigo é que o tempo dá para fazer mais que o óbvio. e lá fui, assim mesmo, num esticão a pé, minutos contados, chuva míuda, outono tipicamente parisiense (vale-me ser 'presse') ver a exposição maior de gustave courbet, o desesperado.
o fascínio pelo homem - egocêntrico, apegado às raízes, transgressor, amante da caça (!), retratista de rostos e da natureza (e das mulheres-tal-como-elas-são), vanguardista e, por fim, um desilulido da comuna - aumenta perante o esplendor e a variedade dos esboços e da obra pictórica. há milhares de olhos em contínuo, das dez às dez, num desfilar curioso para tanto retrato solene, sombrio ou nem tanto... não há exaltação naquelas texturas e desenhos: só um tremendo realismo, de fazer inveja aos neo e aos hiperrealistas. e o realismo, já se sabe, é a crueza pura. no fim da vida, a desilusão já só levava courbet a pintar 'naturezas-mortas' . haverá nos escribas o mesmo bom-senso?



1 comentário:

Anónimo disse...

Fui ver - é genial :)