terça-feira

contra factos não há argumentos

Suponhámos:
um dia levantas-te com atraso quase fatal para um compromiso com hora certa. preparas-te para tomar duche e não há água. a roupa que ias usar foi para a lavandaria. rasgas os collants com a pressa e constatas que o casaco precisa de um botão. precisas de tomar o pequeno-almoço mas o frigorífico e a despensa estão vazios. a isto chama-se, no mínimo, começar mal o dia...

agora imagina uma sequência mais espaçada.
avaria-se o aquecimento e lá fora estão zero graus centígrados. vais pagar um balúrdio pelo arranjo que só será feito quando o técnico respectivo tiver espaço na agenda. o rádio do carro, ainda que pouco usado, resolve bloquear e o governo aumenta a gasolina, justamente no mesmo dia. tens a conta quase a zero, alguém te deve dinheiro há mais tempo que o razoável mas o pudor manda que te aguentes. no trabalho, o menos produtivo dos colegas é acometido de uma promoção. vês e ouves tanta gente a perorar sobre tudo de forma tão definitiva e veemente, que só tens vontade de não ter opinião sobre nada.
o metro avaria em hora de ponta, no mesmo dia em que há "jogo grande" com adeptos ingleses por toda a cidade. esqueceste-te de precaver algo para o jantar e a pizzaria esqueceu-se de fazer a entrega, o que só confirmas muito tempo depois.
tu ainda não sabes, mas prepara-se uma noite de insónia para te atormentar [aí, vais ter tempo de passar em revista todas as desgraças alternativas passíveis de acontecerem...]


é no meio deste tipo de sequência "de mal a pior" que penso sempre se o idiota que inventou a lei de Murphy não estaria carregado de clarividência.

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