AS MULHERES TÊM TODAS UM PONTO DO CORPO, UM RECANTO DA CIDADE, UMA HORA DO DIA, QUE SÃO NELAS COMO QUE UMA PORTA SECRETA, PELA QUAL PODEM SAIR DE SI PRÓPRIAS, DA SUA TIMIDEZ, E PENETRAR EM TODA A ESPÉCIE DE LOUCURAS, GRAVES OU VENIAIS.[Erik Orsenna]
segunda-feira
mulheres (II)
Ariel Levy, 30 anos, escreveu "Female Chauvinist Pigs". Polémico quanto baste porque, a partir da ideia de que "cultura do sexo e libertação sexual não são sinónimos" ela denuncia uma versão feminina do machismo pela qual jovens mulheres se encaram a si próprias como objectos sexuais.
Maureen Dowd, 53 anos, cronista do The New York Times, escreveu "Are men necessary?".
Não é pelo título sugestivo da obra, não... [ainda que justifique resposta pronta de muitas de nós] mas por excertos que o "Courrier Internacional" publica, pois também aqui se questiona a nova 'mulher-objecto'.
O realismo da análise - "o triunfo do feminismo durou um nano-segundo; a frustração, 40 anos" - e o desencanto lúcido do que escreve, valem bem a transcrição:
"Do que eu não gostava, no início do movimento feminista, era que as raparigas se vestissem todas de igual, se parecessem todas umas com as outras e pensassem todas da mesma forma. Esperava que fossem todas livres, mas viviam num conformismo axfixiante. Do que não gosto hoje é que as jovens que rejeitam o feminismo se vistam todas da mesma maneira, se pareçam todas umas com as outras e pensem todas da mesma maneira."
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1 comentário:
O final é brilhante, mas não concordo com o artigo todo...com a libertação pornográfica veio uma série de outros pressupostos, muitos errados, mas não acontece sempre assim? Não passamos de ter de ser virgens para não poder sê-lo em menos de nada, não passamos de não poder trabalhar ao ter de trabalhar num par de décadas?
A afirmação das diferenças é uma luta eterna (o que não é desculpa para não travá-la, claro), mas parece-me que a sociedade avança por substituição de paradigmas...
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