terça-feira

uma vida inventada

o último livro de maitê proença agarrou-me pelos colarinhos antes mesmo de lhe pôr a vista em cima. foi quando, na semana passada, li umas duas ou três entrevistas da autora sobre este romance (?), agora lançado em portugal. ontem, corri 'seca e meca' para encontrar uma vida inventada na livraria do costume, com o desconto a que tinha direito. tentativas goradas, deitei-lhe a mão num continente, por 13,5 euros.
poucas coisas me põem tão fora de mim como a perseguição inexplicável a que me impelem alguns livros. resultado: comecei a leitura de imediato, como uma criança que come chocolates às escondidadas. dum trago engoli um quarto, no quarto, escondendo o sono. não sei do que estou a gostar mais - se do despojamento da narrativa, da crueza da história, do terra-a-terra da autora, tudo preto no branco, uma ternura desmedida, uma desfaçatez face ao destino, a confissão sem fim. capa fracota, narrativa superior. uma vida inventada tem frases como esta: 'quando faço tudo certo, ainda assim faço errado'.
na literatura destas "memórias trocadas e outras histórias" cabe tudo.
a realidade ultrapassa sempre a ficção.

p.s. - com humor e ironia

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