terça-feira

quando te sentes exausta, primeiro, depois vazia de raciocínio, e logo de seguida exaurida e soterrada, resta desejar que as cerimónia de despedida seja muito benevolentemente evocativa das tutas qualidades humanas, as tais que te levaram à falência de ânimo. e que cantem a QUEIXA DAS ALMAS JOVENS CENSURADAS ou JUST ANOTHER DAY. e é isso! somos todas boas pessoas, mas viver sempre também cansa (José Gomes Ferreira dixit, salvo erro...)

tolhidxs pela vergonha

as pessoas - de esquerda - estranham que a quatro dias do aniversário do 25 de abril de 74 não se fale dele. 
é uma data, e por mais simbólica que seja, também se encolhe de vergonha!
além disso, a coisa tem 41 anos. acontece o mesmo com a maioria dos/as trabalhadore/as: até aos 30 (e tal) anos não os/as levam a sério, depois dos 40 já são cotas.

segunda-feira


há na foto, destes tempos (desconheço autor@), dois punctum especialmente perturbantes:
os corpos inchados das pessoas do continente africano - homens e mulheres - que deram à costa. depois de sabe-se lá quantos golpes da vida...
os fatos laranja, em fundo, das equipas sanitárias que recolhem os defuntos, em tudo aparentemente iguais às das vítimas condenadas à morte pelo "estado islâmico" e executadas noutras praias. 
como se este ciclo de morte se perpetuasse... como se a única rede possível fosse a da morte.




a figura que caminha vai andrajosa. matuta nas virtudes do amor.
todos os dias há um jornal que glorifica o amor. pode ser um estudo, pode ser a entrevista de um especialista, pode ser um poema.
a figura que caminha leva o olhar no chão. tenta equilibrar-se na íngreme calçada à portuguesa.
e faz contas aos euros que não tem.
três idas ao centro de emprego e nenhum subsídio. as contas, essas, continuam a cair. a pessoa contribuinte está refem das empresas provedoras de serviços mínimos.
água, luz, net, seguro, habitação, e vá..., um ou outro pagamento a prestações.
as contas chegam impiedosamente à caixa postal.
a figura que caminha pensa no luxo que tem. nada
mais de quatro euros o maço de tabaco, não prescinde deste gozo que acelera o fim da vida.
a figura que caminha pensa no seu dia, atabalhoado, sobrevivente, desesperado.
a figura que caminha saiu de casa para piorar a gripe que lhe quebra resistências.
a figura que caminha queria estar alegre, soltar um sorriso, talvez gargalhar.