sexta-feira

casa comum

colecciono sono, desenganos e sentidos únicos. junto diversidade, abertura e franqueza. misturo tudo, em doses medidas de cansaço. pincelo com sol e lua cheia - grande, brilhante, redonda. somo-lhe dois copos de tinto bom e uns shots de fruta tropical. um pouco de fumo e muitas histórias loucas nas vidas dos outros. meto-me num taxi e vou dormir no meu ninho. os filhotes são crescidos e, da ninhada, a mais irresponsável sou eu mesma: não posso fumar e prevarico. esquerd@ sempre foi o meu lado fraco, porque haveria de ser diferente agora?
sorrio ao destino traiçoeiro e comovo-me com pouco. não quero sexo sem nexo, nem nexo sem pretexto. porto-me bem, faço tudo direitinho. consigo resultados e a vida escorre simpática. há sustos que me apanham de repente e atemorizada sacudo as penas. troco salário por mil encargos... nada é meu, só eu.




post scriptum: perguntar sempre como vais? pois se há coisa menos humana é manifestarmos atenção com alguém que só vê o seu mundo e nem se lembra de nos ripostar: 'e essa saúde?' ou 'o trabalho, corre bem?' 'e a família?' ou apenas 'como vai a tua vida?'. não se perde nada, é certo. acontece que o noss@ interlocutor@ pode estar a falar com alguém subitamente milionário, alguém aterrorizad@ pela doença, ou uma alma à beira da redenção...
o remorso do 'nem quero saber', mais tarde ou mais cedo, tilinta-nos na cabeça quando nos encontramos a sós, connosco.

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