segunda-feira

vagueai inconsoláveis

ela nem tinha reparado nisso, mas metade da sua vida activa estava cumprida. o resto seria um extra esforçado e esticado prolongamento de sobrevivência, se não morresse cedo. quando encontrou esse caso, fazia mais um teste ao seu poder de sedução, um desmame do jejum sexual. havia uma incógnita, sim, mas feita de curiosidade, desejo e um pequeno fascínio intelectual. a prova do gosto surpreendeu e começava a prende-la. as pessoas podiam entender-se e respeitar-se e terem a sua vida calma e aprazível. podiam flirtar, e deliciar-se com coisas gostosas, e ter tempo para ter tempo partilhado. e podiam entender-se no intelecto e no leito. e podiam apreciar-se mesmo se a economia do país se deprecia. e nada parecia rimar com acidez ou segredo. que coisa mais estranha!
senhora de si, achou irreal essa compostura de amante amada. quanto mais me prendes, sem que me prendas, mais te mostro que não estou captiva. e foi então que soltou o gnomo feito da matéria comum dos seres que negam o bem do bom da vida. não há doenças, nem acidentes, nem pontos fracos, só uma inaudita busca pela frustração.
porque se é bom, tem de acabar, não é?

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