AS MULHERES TÊM TODAS UM PONTO DO CORPO, UM RECANTO DA CIDADE, UMA HORA DO DIA, QUE SÃO NELAS COMO QUE UMA PORTA SECRETA, PELA QUAL PODEM SAIR DE SI PRÓPRIAS, DA SUA TIMIDEZ, E PENETRAR EM TODA A ESPÉCIE DE LOUCURAS, GRAVES OU VENIAIS.[Erik Orsenna]
terça-feira
quando te sentes exausta, primeiro, depois vazia de raciocínio, e logo de seguida exaurida e soterrada, resta desejar que as cerimónia de despedida seja muito benevolentemente evocativa das tutas qualidades humanas, as tais que te levaram à falência de ânimo. e que cantem a QUEIXA DAS ALMAS JOVENS CENSURADAS ou JUST ANOTHER DAY. e é isso! somos todas boas pessoas, mas viver sempre também cansa (José Gomes Ferreira dixit, salvo erro...)
tolhidxs pela vergonha
as pessoas - de esquerda - estranham que a quatro dias do aniversário do 25 de abril de 74 não se fale dele.
é uma data, e por mais simbólica que seja, também se encolhe de vergonha!
além disso, a coisa tem 41 anos. acontece o mesmo com a maioria dos/as trabalhadore/as: até aos 30 (e tal) anos não os/as levam a sério, depois dos 40 já são cotas.
é uma data, e por mais simbólica que seja, também se encolhe de vergonha!
além disso, a coisa tem 41 anos. acontece o mesmo com a maioria dos/as trabalhadore/as: até aos 30 (e tal) anos não os/as levam a sério, depois dos 40 já são cotas.
segunda-feira
há na foto, destes tempos (desconheço autor@), dois punctum especialmente perturbantes:
os corpos inchados das pessoas do continente africano - homens e mulheres - que deram à costa. depois de sabe-se lá quantos golpes da vida...
os fatos laranja, em fundo, das equipas sanitárias que recolhem os defuntos, em tudo aparentemente iguais às das vítimas condenadas à morte pelo "estado islâmico" e executadas noutras praias.
como se este ciclo de morte se perpetuasse... como se a única rede possível fosse a da morte.
a figura que caminha vai andrajosa. matuta nas virtudes do amor.
todos os dias há um jornal que glorifica o amor. pode ser um estudo, pode ser a entrevista de um especialista, pode ser um poema.
a figura que caminha leva o olhar no chão. tenta equilibrar-se na íngreme calçada à portuguesa.
e faz contas aos euros que não tem.
três idas ao centro de emprego e nenhum subsídio. as contas, essas, continuam a cair. a pessoa contribuinte está refem das empresas provedoras de serviços mínimos.
água, luz, net, seguro, habitação, e vá..., um ou outro pagamento a prestações.
as contas chegam impiedosamente à caixa postal.
a figura que caminha pensa no luxo que tem. nada
mais de quatro euros o maço de tabaco, não prescinde deste gozo que acelera o fim da vida.
a figura que caminha pensa no seu dia, atabalhoado, sobrevivente, desesperado.
a figura que caminha saiu de casa para piorar a gripe que lhe quebra resistências.
a figura que caminha queria estar alegre, soltar um sorriso, talvez gargalhar.
todos os dias há um jornal que glorifica o amor. pode ser um estudo, pode ser a entrevista de um especialista, pode ser um poema.
a figura que caminha leva o olhar no chão. tenta equilibrar-se na íngreme calçada à portuguesa.
e faz contas aos euros que não tem.
três idas ao centro de emprego e nenhum subsídio. as contas, essas, continuam a cair. a pessoa contribuinte está refem das empresas provedoras de serviços mínimos.
água, luz, net, seguro, habitação, e vá..., um ou outro pagamento a prestações.
as contas chegam impiedosamente à caixa postal.
a figura que caminha pensa no luxo que tem. nada
mais de quatro euros o maço de tabaco, não prescinde deste gozo que acelera o fim da vida.
a figura que caminha pensa no seu dia, atabalhoado, sobrevivente, desesperado.
a figura que caminha saiu de casa para piorar a gripe que lhe quebra resistências.
a figura que caminha queria estar alegre, soltar um sorriso, talvez gargalhar.
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