domingo


se um dia a morte me bater à porta - se? talvez quando... - não a farei esperar, nem desejo que se mostre hesitante quanto  à escolha desta passageira. nem todas as coisas têm de ter uma profunda e racional razão de escolha. imaginem se a morte avaliasse cada passageiro que conduz daqui para nenhures? imaginem-se os custos fixos desta empresa? o pessoal assalariado para fazer a triagem teria de ser um enorme exército muito bem treinado e célere nos resultados.
quando a morte me bater à porta, não quero mais tempo para nada - nem evocação de memórias, nem despedidas, nem heranças, nem despojos, nem últimos desejos. quero que seja ligeira e eficaz na recolha, para que nada cheire mal. e que seja piedosa na dor que afeta às afeições que me enchem a vida. que seja forte, como a vida.

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