quarta-feira

a campanha

sobre o referendo pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas já tudo se disse.
a começar pela ideia completamente tonta que é fazer um referendo sobre um assunto íntimo e frágil. não devia sequer haver referendo. é tão-só mais um sinal de cobardia da máscula classe política.
mas, se não nos deixam alternativa, há que votar no dito referendo.
votar SIM! porque um embrião não é gente, é uma massa com vida, a mesma que têm as células que nascem e morrem a toda a hora. até às dez semanas nenhuma amostra de ser sobrevive de per si; pelas 26 talvez sobreviva, graças à tecnologia... e só mesmo pelas trinta e tal semanas é que há um bebé dentro do útero com hipóteses de sobrevivência. além disto, quando morre uma grávida, diz-se que morreu uma mulher - não se diz que morreram duas pessoas.
depois, porque, como já disse alguém, sempre houve abortos, sempre os haverá. então que se façam em segurança, porque nenhuma lei impõe que se aborte - apenas consente, não penaliza.
finalmente, porque fazer um aborto não é decidir se se vai ao futebol ou às putas. é uma coisa que mexe com qualquer mulher, é uma decisão desesperada, circunstancial, última. é um acto profundamente solitário, apesar de uma fecundação não o ser - por isso, vejo tantos homens a sugerirem às companheiras que, para não estragarem a boa vida ou os planos pessoais, melhor seria que abortassem - é real, não invento. e elas pesam e sofrem e, muitas vezes à revelia de convenções e conveniências machistas, até decidem levar a gravidez solitária avante.
por último, a religião tem a mania de ajuizar sobre o que não sabe e até condena. e que razão assiste a quem fez e faz essa censura, em vez de cuidar das almas?

segunda-feira

terra de ninguém*

[É o texto mais difícil de parir. Não tens ‘ângulo de ataque’, não tens ponto de vista, a protagonista, essa, conheces tu de ginjeira, não te encanta, não te seduz, andas até um pouco zangada com ela… mas é um texto necessário, no entanto. E não pode esperar mais.]

Não tenho certezas. Nunca as tive. Não acredito no amor. Não sei se alguma vez acreditei. Experimentei a paixão, já me senti enamorada – que é o lado doce do amor, suponho. Tenho saudades de voltar a viver essas emoções. Mas o destino não está comigo. E desabituei-me das regras da atracção. Deixei de saber como se faz. E sinto falta disso - muito mais do que qualquer outra coisa...

Tenho 44 anos partidos ao meio. Um antes e um depois de ti. E o vazio, agora – construído de forma muda, paulatina e muito dolorosa. Tenho um medo insano da solidão. Sempre o tive. Tenho pavor de não sobreviver. Tenho medo de ter medo. E de morrer devagarinho de tristeza. Tenho medo de magoar, mas também de ser usada e deitada fora. É uma ideia tão repetida que não consigo escapar-lhe. Sinto, repetidamente, que chego perto de qualquer coisa que podia ser boa, no exacto instante em que me diz(em) adeus.

Somo dúvidas e mais dúvidas a cada minuto que passa. Penso muito, sempre o fiz. Pondero, peso, avalio e aguento-me de pé. Pelo meio choro bem fundo e sofro uma eternidade.
Abano mas não quebro – digo-o para mim mesma, há tantos anos, que começo a acreditar nessa frase feita.

Não sei o que vai acontecer. Possivelmente nada de altamente recomendável. Mas tal como não comandamos o que vai na cabeça dos outros, nem as emoções que nos envolvem, o que vem a seguir nunca depende só do ‘eu’.
A única coisa que sei é que só tenho hipótese de sobreviver com um hiato, um espaço de nada sem ninguém, à espera de qualquer coisa... Que pode não chegar, por muito que procure.
E de que me vale ser disponível ou determinada?!
Ficar refém da terra de ninguém será a suprema condenação.(Antes a morte que tal sorte)

*in
http://iceberguederiva.blogspot.com/

plagiando



Sous aucun prétexte je ne veux
Avoir de réflexes malheureux
Il faut que tu m'expliques un peu mieux
Comment te dire adieu


[Gainsbourg, by Hardy]

sábado

i wish i knew how to quit you

o amor é como a felicidade, e outras coisas boas - ou será melhor dizer raras?
...só se usufrui por instantes.

estados d'alma (II)

"Na natureza... nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".

...haverá algo que escape à natureza?
não creio.
e quem não crê tem a vida mais difícil.
o mundo não está feito para os não crentes. são os refractários da razão vigente. os que teimam em ter opinião e, o que é pior, obstinação. é que tudo se acomoda pelas crenças: que o salário chega até ao fim do mês, que a vacina protege da gripe, que o cartão de crédito compra tudo, que o que parece é, que se nos portarmos bem somos recompensados no além - e se, por descuido, prevaricarmos basta penitenciar, e temos novamente alma limpa. como se, lá no alto, algures no vazio, perdido no firmamento, sem responsabilidades, um deus orquestrasse as nossas pequenas perversões e grandes asneiras.
por isso, não crer em promessas, arrependimentos, declarações de amor, amanhãs que cantam, golpes de asa, taludas, estalar de dedos, milagres redentores, boa-vontade universal, consciências sãs, ou nos valores da abstinência!... deixa um enorme embaraço e a medida exacta de como (sobre)viver pode ser complicado. mas tem mais colorido, sabor e emoção.
ou não?

quinta-feira

amplitude dos interesses de gajas

...vai deste blog-montra (bijuterias) a este blog-manifesto (ni putes, ni soumises), passando por este blog-festeiro (lesboa party3)

...inclui reler aquele que profetizou: "a nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer" (stig dagerman escrevia muito bem).

domingo

4 de novembro de 2008


podemos mudar a nossa ideia sobre a América? podem os States ter um protagonismo diferente? pode a grande potência ser mais solidária, consciente, humana?

Hillary Rodham Clinton e Barack Obama, senadores democratas, querem liderar essa mudança, que respeite o ambiente, as pessoas, a diversidade e a paz.
Hillary's in! - leia-se a declaração dela. acredito que pode fazer a diferença.
We can do it!

quarta-feira

estado deste blog

entre stand by e bye bye

domingo

queria ser estrela do mar


conversa da m., a explicar que na escola estava a dar "os espermatozóides e os óvulos", como se juntam, como se formam os gémeos verdadeiros e os gémeos falsos, e como os espermatozóides mais rápidos são os mais bem sucedidos.
o diálogo prossegue com exemplos de mamíferos e outros especímes.
fico a saber que os ouriços não copulam, 'porque senão picavam-se'.
a certa altura, m. - conta - foi apanhada 'em falso' pela professora.
"a menina queria ser estrela do mar?! então não sabe que as estrelas do mar são assexuadas?"

[não sei se são...]

mas o que retenho é a capacidade de se regenarem (perdes um braço, por deficiente manuseamento, ganhas outro...); agrada-me este estilo do ensino de hoje ser tão optimista.

sexta-feira

a quem deseja a lua


diz a reportagem que pode-se comprar 500 metros quadrados de lua por 45 euros...
como está LUA CHEIA é aproveitar.

porque hoje é sexta

boas notícias... [do jornal público]

nancy pelosi tomou posse como speaker da câmara dos representantes (é a segunda na 'sucessão' a seguir ao vice-presidente dos eua); anuncia uma 'nova direcção para todos os americanos'.

ségolène royal venceria nicolas sarkozy numa segunda volta presidencial em frança;

tribunal canadiano reconhece que uma criança possa ter um pai e duas mães - o pai e a mãe biológicos e a mulher que há 16 anos vive maritalmente com a mãe biológica da criança.

... para começar... um bom fim-de-semana!