segunda-feira

os exames lixam tudo

sou contra os exames. sempre fui. não me lembro de ter feito exames... ou melhor, fi-los, mas varri-os da memória. todos cheiram a bafio. tudo neles é salazarento. como se a escola fosse um permanente "zéro de conduite" ou um sermão de escolástica em abadia de monges...
não entendo aqueles senhores que, dizendo perceber muito de educação e das ciências da dita, propagam a ideia de que o exame "responsabiliza". o tanas! um exame fomenta o desleixo ao longo do ano, desmotiva o estudo continuado. o exame stressa: estudantes, pais, professores. de um exame não se espera nada de bom! é como um parto: espera-se que passe rápido...
por isso, menos percebo quem, percebendo de ensino, vem dizer que o exame de matemática do 9º ano "foi demasiado fácil".
recapitulo:

a ideia de um exame é atrasar o progresso dos estudos pelo diapasão menos racional e justo: a capacidade de resistência ao nervosismo inerente. não confirma o grau de conhecimentos adquiridos, não avalia o saber-saber, muito menos o saber-fazer! o exame é um filtro na água inquinada que é o nosso (método de) ensino: em vez de sublinhar o que se compreende, em vez de valorizar o que mais motiva a aprendizagem, o exame quer pesar a quantidade de ignorância dos alunos e medir o (muito) que ainda têm para aprender!
e tenho ideia de que isto é exactamente o inverso do que se passa naqueles países "de elevados níveis de educação", tão elogiados pelos nossos opinion makers.

2 comentários:

x-pressiongirl disse...

Belíssima reflexão. Subscrevo inteiramente as tuas palavras. Acho tremendamente injusto uma pessoa ser avaliada pontualmente e de forma tão dúbia. Dúbia porque uma pessoa pode não saber pensar mas ser muito boa a decorar trechos inteiros de matéria que depois despeja num exame (ainda que não seja capaz de explicar depois). Dúbia também porque pode copiar pelo colega do lado as ideias chave ou levar cábulas e conseguir uma boa prestação numa prova. Dúbia porque pode ser um excelente aluno mas ser muito sensível ao nervosismo e isso prejudicar-lhe nos exames. Avaliação contínua seria o desejável SEMPRE. No entanto, com a redução de professores e os constantes ataques aos mais diversos agentes no processo de ensino a coisa torna-se cada vez mais uma miragem. Há interesse em que assim seja: Uma população demasiado interventiva ou que pense por ela própria é perigosa porque aprende a questionar. Eles querem que aprendamos só a decorar e a copiar. C'est ça.

Eva Shanti disse...

Não podia estar mais de acordo. Toda a vida vivi com essa incapacidade de responder o que os outros querem que se responda - porque é essa a resposta que alguém colocou numa grelha de correcção como certa.

Nunca ninguém me quis ouvir. Sempre me disseram que tinha de me conformar com o sistema. Mas eu não sou uma pessoa que me conforme assim sem mais...