a mulher da minha vida tem a lágrima fácil e uma resistência superior às contrariedades da vida.
defende a cria sem fazer guerra, sofre em silêncio.
é um condensado de coragem e sobrevivência.
tem nos pequenos prazeres os maiores vícios, como se não almejasse nada. apenas um pouco de bem estar, o quanto baste de básico, umas flores, pequenos mimos.
tem também a melhor das regras de conduta: quem trata bem os seus, merece tudo.
se tenho dúvidas, ouve-me e não me julga. pergunta, quando muito, o que ganho com isso. outras vezes, limita-se a escutar...
e conta histórias saborosas de um tempo perdido algures, quando os homens usavam chapéus de aba e as meninas vestidos de chita, e não havia nada melhor que um piquenique junto à ribeira.
revolta-se de mansinho com aquela sina de dona-de-casa, noiva prendada - conversas interditas, livros proibidos, 'parece mal'.
tem as rugas da exclusão de gerações de mulheres, e não se conforma.
outras vezes dirige-se ao trivial: que o cabelo está bonito assim, que tens feito? vai sendo tempo de pores uns cremes...
inventa fartura e entende todos os chás e ervas boas para as curas.
é certo que não conserta almas mas, mesmo que não fossem verdes, os seus olhos seriam sempre o reduto de esperança do meu consolo.
4 comentários:
São o nosso porto-seguro.
Que texto tão bonito...
Post pessoal lindo e tocou-me no meu íntimo.
Um beijo
Pois no meu íntimo então ...!!!!
Ou não tivéssemos nós almas quase gémeas como portos seguros...
Beijos
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