...ou "sans toit ni loi", título de um dos filmes de agnés varda, que a própria evoca no espantoso "as praias de agnès"(ver ípsilon). se abríssemos as pessoas, encontravamos paisagens - diz ela. no caso da cineasta belga, porém, encontraríamos 'praias' - e como são fantásticas as imagens e os enquadramentos que ela filma em praias... mas este não é um filme balnear, mas o revisitar de um percurso pessoal, político, musical, cinematográfico, artístico. um filme autobiográfico, feito a respigar memórias.
um conforto esta história.
AS MULHERES TÊM TODAS UM PONTO DO CORPO, UM RECANTO DA CIDADE, UMA HORA DO DIA, QUE SÃO NELAS COMO QUE UMA PORTA SECRETA, PELA QUAL PODEM SAIR DE SI PRÓPRIAS, DA SUA TIMIDEZ, E PENETRAR EM TODA A ESPÉCIE DE LOUCURAS, GRAVES OU VENIAIS.[Erik Orsenna]
domingo
sexta-feira
quarta-feira
belo cenário, grande noite
2 de outubro, 23h30, lx. instituto superior de agronomia, lesboaparty 3ºaniversário
... a perfeita despedida do verão
... a perfeita despedida do verão
terça-feira
a noite é o reverso do sol
a nasa vai estudar o sol. meta: saber de que forma o sol influencia as nossas vidas. infelizmente, a nave não é tripulada. [notícia i]
sábado
.. .. ..
« eras a parte boa da minha vida.
sem ti não há sol, 40 graus não se sentem no corpo, caminhar sem rumo não doi, mesmo sob o sol impiedoso. não vale a pena fugir para a sala de cinema, não há mar que me acalme. não há vontade de escrever, arrumar, olhar.
não há fome, nem sono. nunca. não há futuro algum, nenhum presente. não há sequer vaguear. não há sentidos. só há dor grande e sem fundo.
sempre disse que não há mundos perfeitos. nunca houve. agora não há nada de bom - só o que sinto, sem ser a troco da tua felicidade maior.
podíamos ir para lá dos pirinéus, podíamos ficar a resmungar diferenças. esperam por nós a escócia, florença, nova iorque. valeria sempre a pena. valia a pena ter cometido os erros que cometi, as ingenuidades todas, a perda nos afectos mais viscerais. não tinha importância a penúria da vida, a falta de escrúpulos, as chatices diárias. eu sabia que tu me acarinhavas. e completavas com a tua raiva e a tua fé as coisas mais baixas que acontecem. passou a paixão, é certo. passa sempre, sabias? comecei a desculpar tudo, mesmo as irracionalidades mais básicas, as birras mais infantis: todas as coisas que não são realmente importantes. pesava mais o que sobrava de bom. o optimismo pesa sempre mais quando o caminho se faz acompanhada. pessoas como nós têm obrigação de construir. ninguém é feliz a destruir, mesmo que se muna de argumentos lógicos. ninguém dá na medida exacta do que recebe, sei disso.
eu sei das letras e tu mostras-me as cores em todas as pautas. e assim faz sentido. para mim, nenhum conta-quilómetros me cansa se me levarem longe contigo, até ti. e perco-lhes a conta, não me importo. agora, simplesmente, não há momentos felizes para mim. e para ti?
és a (parte boa da) minha vida. ainda és? »
sem ti não há sol, 40 graus não se sentem no corpo, caminhar sem rumo não doi, mesmo sob o sol impiedoso. não vale a pena fugir para a sala de cinema, não há mar que me acalme. não há vontade de escrever, arrumar, olhar.
não há fome, nem sono. nunca. não há futuro algum, nenhum presente. não há sequer vaguear. não há sentidos. só há dor grande e sem fundo.
sempre disse que não há mundos perfeitos. nunca houve. agora não há nada de bom - só o que sinto, sem ser a troco da tua felicidade maior.
podíamos ir para lá dos pirinéus, podíamos ficar a resmungar diferenças. esperam por nós a escócia, florença, nova iorque. valeria sempre a pena. valia a pena ter cometido os erros que cometi, as ingenuidades todas, a perda nos afectos mais viscerais. não tinha importância a penúria da vida, a falta de escrúpulos, as chatices diárias. eu sabia que tu me acarinhavas. e completavas com a tua raiva e a tua fé as coisas mais baixas que acontecem. passou a paixão, é certo. passa sempre, sabias? comecei a desculpar tudo, mesmo as irracionalidades mais básicas, as birras mais infantis: todas as coisas que não são realmente importantes. pesava mais o que sobrava de bom. o optimismo pesa sempre mais quando o caminho se faz acompanhada. pessoas como nós têm obrigação de construir. ninguém é feliz a destruir, mesmo que se muna de argumentos lógicos. ninguém dá na medida exacta do que recebe, sei disso.
eu sei das letras e tu mostras-me as cores em todas as pautas. e assim faz sentido. para mim, nenhum conta-quilómetros me cansa se me levarem longe contigo, até ti. e perco-lhes a conta, não me importo. agora, simplesmente, não há momentos felizes para mim. e para ti?
és a (parte boa da) minha vida. ainda és? »
segunda-feira
um intervalo no zen
"bate com o murro no balcão: vai ver que és melhor e mais depressa atendida!"
recebi o conselho e passei à prática. comecei a negociar com o fornecedor de telemóvel, depois com o serviço de net+tv, e por aí fora. nalgumas coisas, há que "dar tempo ao tempo", noutras é melhor pôr logo tudo "em pratos limpos". um murro na mesa pode ser um método socialmente profilático. essa é que é essa! a mesa (ou o balcão) não se queixa, a gente sai do marasmo do tolo, e ninguém se aleija. bem hajas, m***, pelo conselho :-)
recebi o conselho e passei à prática. comecei a negociar com o fornecedor de telemóvel, depois com o serviço de net+tv, e por aí fora. nalgumas coisas, há que "dar tempo ao tempo", noutras é melhor pôr logo tudo "em pratos limpos". um murro na mesa pode ser um método socialmente profilático. essa é que é essa! a mesa (ou o balcão) não se queixa, a gente sai do marasmo do tolo, e ninguém se aleija. bem hajas, m***, pelo conselho :-)
é todo um programa para a semana
domingo
sábado
economia de escala
poupar nas chatices, nos gastos, nas preocupações, no tempo. não poupar, também. nunca poupar no riso, no beijo, no ar livre, no sexo, nos abraços envolventes.
quinta-feira
cientificidades
cientistas, gosto muito de cientistas. são o sal do noticiário. tão depressa confirmam evidências, como elaboram as teses mais recambolescas. nos jornais sabe-se que dá muito jeito ter um cientista à mão. como aqueles que agora descobriram que, quem fuma, fá-lo mais ou menos em função da cor do maço de tabaco. contra factos?!
fumo porque gosto. melhor seria não gostar.
outros cientistas arranjam bons pretextos: muito mais de dois terços (76,5%) do que pagamos pelo tabaco são impostos.
contra factos, os argumentos esfumam-se...
ps - o humor, mesmo fraquinho, é um bom antídoto para a tristeza. e não faz mal à saúde, nem paga imposto.
fumo porque gosto. melhor seria não gostar.
outros cientistas arranjam bons pretextos: muito mais de dois terços (76,5%) do que pagamos pelo tabaco são impostos.
contra factos, os argumentos esfumam-se...
ps - o humor, mesmo fraquinho, é um bom antídoto para a tristeza. e não faz mal à saúde, nem paga imposto.
quarta-feira
segunda-feira
alter-ego da comunicação
poucos livros chamam por nós. de vez em quando, acontece. este* lê-se em cinco minutos. e relê-se espaçadamente, necessariamente. custa pouco mais de cinco euros. é como um remédio redentor cheio de contra-indicações. a cada leitura, pensamos num referente. a cada folheadela, coloca várias interrogações. aplica-se a múltiplos significantes. só podia ter sido escrito por um ilustre desconhecido japonês.
"Se a pessoa a quem atiramos uma bola
com toda a nossa alma a apanhar,
e se nós apanharmos a bola que essa pessoa
nos lança de volta, então
um acto de comunicação acontece
Há sempre infelizmente muitas tentativas
de comunicação que não chegam a concretizar-se.
Se há compreensão,
pode ter-se pensamentos diferentes, interesses
diferentes, sentimentos diferentes –
e ainda assim estar juntos."
*[Quero falar-te dos meus sentimentos, de Mamoru Itoh; ilustração de Hiromi Isogawa; edição Padrões Culturais]
"Se a pessoa a quem atiramos uma bola
com toda a nossa alma a apanhar,
e se nós apanharmos a bola que essa pessoa
nos lança de volta, então
um acto de comunicação acontece
Há sempre infelizmente muitas tentativas
de comunicação que não chegam a concretizar-se.
Se há compreensão,
pode ter-se pensamentos diferentes, interesses
diferentes, sentimentos diferentes –
e ainda assim estar juntos."
*[Quero falar-te dos meus sentimentos, de Mamoru Itoh; ilustração de Hiromi Isogawa; edição Padrões Culturais]
domingo
do_mar
o mar lava-me. jogo com ele na distância próxima, destemida face aos homens. é um manejo de forças que empurrram para a praia, uma qualquer, enquanto ameaçam engolir o corpo. o mar não me diz nada, mas com ele aprendo tudo. faz da minha cabeça um território vazio e deixa-me chorar sem que se note. quando descanso por instantes, leva-me num solavanco de pancadaria tonta. esfria a alma e incendeia o dorso. sacode, agita, rebola. esconde segredos, desnuda fraquezas. acalma e energiza. faz a melhor cama para uma vigília sem propósito algum.
o mar amansa e amassa. tudo.
o mar amansa e amassa. tudo.
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