domingo

do_mar

o mar lava-me. jogo com ele na distância próxima, destemida face aos homens. é um manejo de forças que empurrram para a praia, uma qualquer, enquanto ameaçam engolir o corpo. o mar não me diz nada, mas com ele aprendo tudo. faz da minha cabeça um território vazio e deixa-me chorar sem que se note. quando descanso por instantes, leva-me num solavanco de pancadaria tonta. esfria a alma e incendeia o dorso. sacode, agita, rebola. esconde segredos, desnuda fraquezas. acalma e energiza. faz a melhor cama para uma vigília sem propósito algum.
o mar amansa e amassa. tudo.

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