entreabrem-se, matreiros e delicados, até que o desfiladeiro me toma de vertigem. são ténues as vontades racionais, somos infinitamente mais animais que gente - mesmo quando se trata de lábios ou genitais.
nesse instante, digitalmente equilibro-me entre o desejo e a necessidade de mergulhar num mar desconhecido e tortuoso, sem molhe de salvação. sou volvo em vulva.o toque leve dos dedos percorrre suavemente o franzido onde me perco. a cabeça mantém a distância prudente que impedirá a rendição do amor. é o mínimo de decência que meço. não posso apegar-me outra vez.
ele, flor de lótus - é? - um anel concêntrico e vermelho pálido, saindo do esconderijo quando respiras ou resfolegas, quando te acaricío levemente. sem odor, dor, cor, nada mais interessa naquela fracção de tempo. quando gemes e me chamas com a crueza dos néscios, sigo na vontade de te fazer vir. percepciono o meu exterior concentrada em ti, como se esse fosse um momento único e superior.
coitados d@s amantes que se enganam com a realidade. e acordam com o desconforto dos equívocos.
[nada é mais frágil que a franqueza com que comungamos os prazeres, pensando que ninguém faz deles a sua própria contabilidade criativa. e não há agências de rating para os afectos. lixo mais que perfeito, diriam elas.]
2 comentários:
uau!texto bonito... ....:)
mantem-te viva, oh gaja!
bj
Poesia da mais pura este inicio é arrasador, uf...
bj
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