AS MULHERES TÊM TODAS UM PONTO DO CORPO, UM RECANTO DA CIDADE, UMA HORA DO DIA, QUE SÃO NELAS COMO QUE UMA PORTA SECRETA, PELA QUAL PODEM SAIR DE SI PRÓPRIAS, DA SUA TIMIDEZ, E PENETRAR EM TODA A ESPÉCIE DE LOUCURAS, GRAVES OU VENIAIS.[Erik Orsenna]
sábado
o mal das pessoas calmas é que quando se emocionam com o que dizem, os olhos brilham mais, rola uma lágrima ou alguém lhes diz que estão a levantar a voz. as pessoas calmas passam a vida a camuflar as emoções e qual destranbelhado ao volante de um porshe desatam a humanizar-se pondo veemência no que sentem, naquilo que os outros entendem como agressividade. as pessoas calmas têm mil razões para não o serem, mas insistem que cada coisa tem o seu contrário e habitualmente refreiam os julgamentos. optam por coligir ditos alheios, factos avulsos, frases soltas e na calmaria do ser fazem um baú de questões que soltam justamente quando ninguém espera. as pessoas calmas são poços de contradições, com a grande vantagem de as águas serem tão límpidas que por mais profundo que seja o seu poço, qualquer um pode atravessar o amâgo das pessoas calmas. basta estar atento e, do alto da sua segurança, condescender com a insegurança das pessoas calmas. são traidas pela franqueza e não conseguem, pelo menos aparentemente, criar uma bolha de segurança onde se protejam das interações sociais. as pessoas calmas almejavam a ser budas ou madre teresas, mas são apenas seres de uma qualidade diferente. normalmente são boas pessoas
chove-não-molha
o mar anda agitado, cá fora chove-não-molha, o sol espreita tímido, a 'gente vai levando' - como diz o chico buarque.
há um pequeno bote, á vista da costa, entre as vagas sacudidas de modo alternado, e eu enjoo.
não mete medo o mar, nem a oscilação das pequenas ondas. nem sequer o frio e o vento que golpeiam os ossos, como se tanta carne no corpo não chegassem para poupar esse desconforto.
o mar oscila, pouco sibilino, muito húmido, e a meio metro da água ganha-se naturalmente a dimensão da nossa fragilidade. mas também quem disse que seríamos fortes... para que ser fortes ainda mais se ja somos uma competencia segura no trabalho.
nunca me pareceu que ser alien neste mundo. porque este mundo, o unico que conheço, é feito de gente tao diversa, e critérios tão fundamentais em qualquer decisão, que nunca me atreveria a questionar o seu sentido.
o problemazinho surge apenas quando teimo em desvalorizar incidentes, tons de voz, o peso das palavras. sempre fui de fatos e de tarefas, há um lado pragmático que me mantém á tona. como se fosse excessivamente cansativo tomar deccisões radicais de fechar o estore para sempre. gosto muito pouco de mim, mas gosto que gostem. gostar pouco porém, não impede que não me ature, a solo, com a sagacidade mínima para viver. pior é não rebentar a tensão que se acumula na mente, nas costas, na testa, nos olhos.pior é não comer simplesmente e depois ter enjoos. pior é ter vertigens e saber que algo anda desiquilibrado, nos meridianos do corpo. pior é não ter perspetiva do que se segue, nem ambição, nem vontade forte de me entregar. essa especie de a vegetar segura bem o presente, já nem liga ao passado, mas sabe que não há futuro. e para além da dor, nada ajuda a resolver. gosto de resolver, e passar á frente. mesmo que nesse passo esteja apenas o abismo.
há um pequeno bote, á vista da costa, entre as vagas sacudidas de modo alternado, e eu enjoo.
não mete medo o mar, nem a oscilação das pequenas ondas. nem sequer o frio e o vento que golpeiam os ossos, como se tanta carne no corpo não chegassem para poupar esse desconforto.
o mar oscila, pouco sibilino, muito húmido, e a meio metro da água ganha-se naturalmente a dimensão da nossa fragilidade. mas também quem disse que seríamos fortes... para que ser fortes ainda mais se ja somos uma competencia segura no trabalho.
nunca me pareceu que ser alien neste mundo. porque este mundo, o unico que conheço, é feito de gente tao diversa, e critérios tão fundamentais em qualquer decisão, que nunca me atreveria a questionar o seu sentido.
o problemazinho surge apenas quando teimo em desvalorizar incidentes, tons de voz, o peso das palavras. sempre fui de fatos e de tarefas, há um lado pragmático que me mantém á tona. como se fosse excessivamente cansativo tomar deccisões radicais de fechar o estore para sempre. gosto muito pouco de mim, mas gosto que gostem. gostar pouco porém, não impede que não me ature, a solo, com a sagacidade mínima para viver. pior é não rebentar a tensão que se acumula na mente, nas costas, na testa, nos olhos.pior é não comer simplesmente e depois ter enjoos. pior é ter vertigens e saber que algo anda desiquilibrado, nos meridianos do corpo. pior é não ter perspetiva do que se segue, nem ambição, nem vontade forte de me entregar. essa especie de a vegetar segura bem o presente, já nem liga ao passado, mas sabe que não há futuro. e para além da dor, nada ajuda a resolver. gosto de resolver, e passar á frente. mesmo que nesse passo esteja apenas o abismo.
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