sábado

chove-não-molha

o mar anda agitado, cá fora chove-não-molha, o sol espreita tímido, a 'gente vai levando' - como diz o chico buarque.
há um pequeno bote, á vista da costa, entre as vagas sacudidas de modo alternado, e eu enjoo.
não mete medo o mar, nem a oscilação das pequenas ondas. nem sequer o frio e o vento que golpeiam os ossos, como se tanta carne no corpo não chegassem para poupar esse desconforto.
o mar oscila, pouco sibilino, muito húmido, e a meio metro da água ganha-se naturalmente a dimensão da nossa fragilidade. mas também quem disse que seríamos fortes... para que ser fortes ainda mais se ja somos uma competencia segura no trabalho.
nunca me pareceu que ser alien neste mundo. porque este mundo, o unico que conheço, é feito de gente tao diversa, e critérios tão fundamentais em qualquer decisão, que nunca me atreveria a questionar o seu sentido.
o problemazinho surge apenas quando teimo em desvalorizar incidentes, tons de voz, o peso das palavras. sempre fui de fatos e de tarefas, há um lado pragmático que me mantém á tona. como se fosse excessivamente cansativo tomar deccisões radicais de fechar o estore para sempre. gosto muito pouco de mim, mas gosto que gostem. gostar pouco porém, não impede que não me ature, a solo, com a sagacidade mínima para viver. pior é não rebentar a tensão que se acumula na mente, nas costas, na testa, nos olhos.pior é não comer simplesmente e depois ter enjoos. pior é ter vertigens e saber que algo anda desiquilibrado, nos meridianos do corpo. pior é não ter perspetiva do que se segue, nem ambição, nem vontade forte de me entregar. essa especie de a vegetar segura bem o presente, já nem liga ao passado, mas sabe que não há futuro. e para além da dor, nada ajuda a resolver. gosto de resolver, e passar á frente. mesmo que nesse passo esteja apenas o abismo.

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