quinta-feira

era uma vez um território soberano que tinha um povo dócil e desenrascado. num tempo não distante a revolução que derrubara um ditador foi gradualmente substituída por um desgoverno que despojava a população dos seus direitos elementares de cidadania, para os ofertar em forma de volumosos pacotes de dinheiro a uns quantos banqueiros, que por sua vez agradeciam aos governantes com cargos generosos, envelopes azuis e elogios. magotes de gente caí no desemprego e na depressão social mais profunda, mas como o povo era dócil e desenrascado cantava e gritava nas manifestações de rua com o mesmo empenho com que socorria os indigentes, cada vez em maior número. os ministros acossados pelo canto das pessoas que se indignavam com o roubo coletivo, a miséria em crescendo e sobretudo a desesperança, deixaram de aparecer em público. passaram a vender o país aos agiotas em tranches negociadas nos gabinetes. até que um dia, não se sabe bem como, tudo mudou.

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