sábado

fotosíntese

quero sol! um sol. escasso que seja. breve. descolorido. quente. fugitivo, quase a pôr-se, brilhante. sol. não é a crise que nos afecta, é só a falta de sol e este dilúvio castigador que nos forra com melancolia. um pouco de sol, por favor.

quinta-feira

o anónimo gay que virou líder político

sean penn tem um desempenho extraordinário num filme-quase-documentário, muito bem realizado.
para lá disso, há questões cruciais que a história do activismo de harvey milk 'expõe'
- até onde as minorias podem esperar ver reconhecido o seu espaço?
- de que forma, minoritários grupos de pressão conseguem atingir os seus propósitos continuadamente pela mobilização de rua?

- onde estavam, nesses anos, as mulheres lésbicas e/ou feministas?

será que aprendemos qualquer coisa com a História?

p.s. - para contextualizar, leia-se o artigo de miguel vale de almeida

quarta-feira

sobreviver à crise deste inverno

a receita é simples, nada de decisões drásticas, tudo muito chave-na-mão:

- deixar de andar de volvo e passar a andar de mercedes (os autocarros mudaram de fornecedor)

- comprar um ou outro tapete para evitar gastar muito em aquecimento

-ligar o aquecedor à vez, apenas na divisão que estiver a ser usada

-recuperar o saco-de-água-quente, pelo menos quando se dorme sem companhia

- esquecer cartões de crédito; multibanco só para listas de gastos programados

- levantar dinheiro para a semana e limitar as despesas ao que se tem na carteira

- ter sempre uns snacks, fruta e iogurtes bem perto, evitando cenas esfomeadas em cafés

- o tabaco racionado, algo como: 'enquanto não deixo de fumar, um maço tem de dar para 2 dias'


- olhar, só olhar, as montras dos saldos de inverno a preços tentadores
e
pensar que a primavera está quase aí a rebentar

- escolher criteriosamente os filmes que se vêem no escurinho do cinema

- ouvir música no youtube e depois pedir a alguém que nos arranje uma cópia

- ler os jornais... on-line

- sair para a rua, mesmo sem intuito definido, se o sol aparecer no fim-de-semana

terça-feira

desditas

há uns anos quase não se encontrava ninguém que, nos media, assumisse como de direita. Os jornais, dizia-se, estavam tomados por 'esquerdalhos'; às administrações ninguém questionava a ideologia - no máximo, se eram gestores públicos lá vinha a conversa do estado 'que isto', do estado mais aquilo...
agora, os jornalistas parecem imunes ao comprometimento social, enquanto as direcções fazem gala em distribuir as despesas da ideologia pelos comentadores.
o mais interessante, porém, é ter surgido uma série de escribas a assumirem-se da direita pura e dura, marialva e convencida, clerical e monárquica... une-os um grande desprezo pela liberdade e autonomia dos cidadãos, como se tivessem engolido todas as teorias da pura superioridade da igreja católica apostólica romana, sem cuidar do contraditório.
felizmente (só) escrevem... em blogs.

segunda-feira

o mundo é muito injusto, pois

sócrates* mete o casamento entre pessoas do mesmo sexo nas prioridades para a igualdade, mas nem falar em adopção...[mais vale as criancinhas estarem ao cuidado da assistência social, seja lá isso o que for]
nos eua, começou a ser emitida, no fim-de-semana, a 6ª série l-word, porém... a última.

* na moção ao congresso do ps

domingo

do transístor ao digital

talvez mais que qualquer sonho ou objectivo, o que nos forma num ofício é o começo - e o quanto ele dure em paixão. o meu foi ali, onde a palavra tinha de ser comedida, clara, cativante.
toda a economia de meios ao serviço da informação. todo o prazer do instante, o pico de stress no segundo, nada de figuras de estilo ou floreados, zero notoriedade do sujeito, um puzzle de vozes recolhidas, fôlego para a notícia concentrada e, depois, respirar fundo.

sábado

o mundo (de bobby sands) bi-color

há mais de vinte anos, o mundo era muito diferente. havia reagan e tatcher, o muro de berlim e dois blocos, e os terroristas eramos nós. quer dizer, estavam do lado de cá: em movimentos anarquistas, nos guerrilheiros do ira, nos independentistas bascos, nos activistas de extrema esquerda que havia na alemanha, em itália, em portugal. por essa altura, era fácil saber contra quem se lutava. e ninguém questionava se valia a pena lutar... havia heróis e bestas, uma simplicidade de leitura que desapareceu. mandela, julgava-se então, iria morrer prisioneiro do apartheid. e a memória de gandhi era tão distante no tempo e na geografia, que poucos admitiam a validade das teses da não-violência.
nesse tempo, era fácil manifestarmo-nos por heróis. eles existiam mesmo.bobby sands foi um dos meus heróis.

'hunger'

a história dos últimos meses de bobby sands é a história de "hunger", o filme mais duro que já vi *.
cada fotograma existiu mesmo, não há fantasia nem biografia romanceada, só crueza. bobby sands era um prisioneiro do ira-exército republicano irlandês, que morreu na cadeia ao cabo de 66 dias de greve de fome. o filme é o dia-a-dia dessa luta-de-morte.
como é possível deixar morrer alguém em greve de fome?
como é possível alguém deixar-se morrer em greve de fome?!
nesses tempos, gente de esquerda vinha para a rua todas as semanas manifestar-se junto da embaixada britânica, na esperança de que a senhora tatcher aceitasse a exigência dos prisioneiros irlandeses: queriam ser reconhecidos como 'presos políticos', ela dizia que eram apenas criminosos.
a violência dos presos, a violência dos guardas prisionais, a auto-violência de todos em 'hunger' fazem voltar a sentir a revolta interior desses tempos. impossível não chorar, não fechar os olhos a tanta brutalidade, não sentir que um tornado nos varre a alma e torce o corpo. filmes assim são um caleidoscópio de emoções na memória. um pedaço de cinema para gente preparada para receber um longo soco. um ajuste de contas com a história.

*pancadaria, excrementos, nudez gélida

será mesmo?

um sábado de sol.
finalmente...

terça-feira

pensamento frio

um dia, os pc's vão ter incorporado uma espécie de aquecedor que anime os dedos sobre as teclas.

quinta-feira

boas intenções

a rita - que não conheço mas cujo blogue sigo com gosto - deseja que em 2009 haja menos blogues a fazerem copy-paste do youtube. até posso concordar que há blogues tão imagéticos e tão sonoros que só sobrevivem a copy-paste. temos o direito de não apreciar o estilo. mas também temos o direito de fazer copy-paste do youtube e sei lá de que mais... quando visito o blogue dela aprecio as histórias do quotidiano, as vivências de berlim e as leis de rita. como ela nunca faz copy-paste, é tudo em silêncio... até ao (sor)riso final: os remates dos postes dela são sempre brilhantes.

onde a ministra não manda nada

voltaram as constipações, a política, a guerra ao médio oriente, o frio, e até santana lopes...
mas o meu blog de culto VOLTOU!!!

[sniff, sniff,.... as saudades que tinha delas]

terça-feira

nem israelitas, nem islâmicos

há onze dias reacendeu-se a guerra entre o exército israelita e as forças do hamas (movimento de resistência islâmico, que governa a palestina).
tentar explicar o ponto de vista de um lado ou do outro acaba sempre por nos dar uma volta aos miolos e, pelo meio, ainda ganhamos epítetos de sionistas ou de apologistas do terrorismo.
neste assunto insolúvel, nunca perceberei a 'pouca' inteligência dos governantes israelitas. como nunca perceberei a miserável desumanidade dos extremistas islâmicos.

crises destas, que matam centenas de almas inocentes em poucos dias e tornam indigentes populações já miseráveis, geram atitudes que, mais tarde ou mais cedo, levam a atentados noutras partes do mundo, como os de set.2001. ou fazem disparar os preços do petróleo, com as consequências que todos adivinham. ou geram uma onda de simpatia pelos civis indefesos e de ódio face ao poderio bélico orquestrado por um estado contra um outro para-estado. e ajudam ao descrédito da civilização, da política, das pessoas.

só um milagre resolveria tudo: por exemplo, um movimento das placas tectónicas que afundasse a costa oriental do mediterrânico, da noite para o dia - seria, assim, a natureza a devolver à sua verdadeira dimensão temporal a acção dos homens.

sexta-feira

"meninas bonitas são chatas"

que tal começar com visita à vida desta mulher?
três dvd's autografitados por rita lee, de 'ovelha negra' a 'baila comigo', e a 'cor de rosa choque'. este sobre a(s) mulher(es) - ela, as personagens de canções mas também a família, ídolas e amigas, incluindo cássia eller e elis.
melhor presente não há.

"Nunca fui santa /Nunca fui boba /Entro num mantra /Caio de boca (...) Sou nova demais pra velhos comícios /Sou velha demais pra novos vícios"