sábado

'hunger'

a história dos últimos meses de bobby sands é a história de "hunger", o filme mais duro que já vi *.
cada fotograma existiu mesmo, não há fantasia nem biografia romanceada, só crueza. bobby sands era um prisioneiro do ira-exército republicano irlandês, que morreu na cadeia ao cabo de 66 dias de greve de fome. o filme é o dia-a-dia dessa luta-de-morte.
como é possível deixar morrer alguém em greve de fome?
como é possível alguém deixar-se morrer em greve de fome?!
nesses tempos, gente de esquerda vinha para a rua todas as semanas manifestar-se junto da embaixada britânica, na esperança de que a senhora tatcher aceitasse a exigência dos prisioneiros irlandeses: queriam ser reconhecidos como 'presos políticos', ela dizia que eram apenas criminosos.
a violência dos presos, a violência dos guardas prisionais, a auto-violência de todos em 'hunger' fazem voltar a sentir a revolta interior desses tempos. impossível não chorar, não fechar os olhos a tanta brutalidade, não sentir que um tornado nos varre a alma e torce o corpo. filmes assim são um caleidoscópio de emoções na memória. um pedaço de cinema para gente preparada para receber um longo soco. um ajuste de contas com a história.

*pancadaria, excrementos, nudez gélida

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