Gosto do trabalho, e quando não gosto nota-se e não é nada
bom. Mas não sou obcecada pelo trabalho, simplesmente gosto de fazer coisas,
bem feitas, que façam sentido e se possível um sentido especial. Conheci
pessoas que são obsessivas com o
trabalho,sim, extraordinariamente obsessivas,
cada uma com os seus próprios factores de motivação. Para umas a felicidade do
trabalho prolonga-se, noutras acaba por traí-las. Eu, eu, simplesmente
contento-me em ter trabalho e fazê-lo
bem, e isso implica com gosto. Como diz alguém, “sempre em acção”… mas, na
verdade, tem dias…
Acontece é que faço muitas coisas sequencialmente, quase ao
mesmo tempo – acudo às pessoas amigas, preocupo-me com os progenitores,
acalento a descendência e sim, gosto de passar bons momentos com o meu amor. Sem
cobranças patológicas, sem obsessões de veneração, sem desaguisados inúteis… tentando, pelo menos. Mas
nada disso tem o mesmo prazer se não consigo ter os meus próprios momentos a
sós comigo, onde crio e invento e arrumo e procrastino os mil-afazeres que tenho entre-mãos
Agora escrevo este texto, saltito no facebook gerindo páginas, elaboro um plano
de sessão e combino uma entrevista…
E o trabalho, sim, o trabalho. O nazismo dizia que “o
trabalho liberta” e a desempregada do Portugal de agora concede que está
demasiado liberta do trabalho. Ironias da vida!
Quem já passou pela vontade de querer trabalho e não o ter,
valoriza o pouco que tem e passa os dias a escarafunchar possibilidades remotas
de trabalho futuro, precário, ocasional, temporário, efémero, rude, intelectual,
inovador, rotineiro, na medida do sustento das necessidades básicas.
E, é verdade… quem nunca experienciou o desemprego, não pode ter a noção da fragilidade dos dias que vivemos, tão tortos de sem-direitos.
E, é verdade… quem nunca experienciou o desemprego, não pode ter a noção da fragilidade dos dias que vivemos, tão tortos de sem-direitos.
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