domingo

 Maria Maria Acha Kutscher juntou os movimentos ocuppy, 15M, feministas,...para uma galeria fantástica de retratos de mulheres revoltadas e irreverentes, dos nossos dias, no projeto As INDIGNADAS (imagem deste e de outros projetos da criadora):

sexta-feira

umbiguismo
nós, a grécia,a alemanha, em troca de galhardetes, pretexto para esplanar sapiências várias, elogios a 'deus' grego, ironias sobre patetas que desgovernam,
e depois há isto: os imigrantes que naufragam no mediterrâneo, os hediondos crimes do dito estado islâmico, os terroristas boko haram,...


europa


o lixo que é o discurso de virgem ofendida sempre me entediou - ai, agora a troika tem de reparar o rombo, ainda que a dignidade de Portugal não tenha sido beliscada, enfim, nem se ouvem entre eles... - o autismo em relação ao outro é uma chaga transversal.
prefiro escutar o dialogo de surdos a leste. sobre o eixo berlim-atenas só nos próximos 120 dias veremos se o copo ficou meio cheio ou meio vazio.
em nenhum caso será o fim do mundo.


quinta-feira

ela é uma das duas cartoonistas retratadas no documentário "CARICATURISTES, Fantassins de la démocratie" (2014): nadia khiari e o seu "willis from tunis" - sim, há toda uma filosofia à volta dos gatos...

domingo

o são valentim, provavelmente, nunca imaginou que iria tornar-se uma obsessão de consumo em pleno século XXI.
à pala do são valentim valorosXs namoradXs confessam as suas paixões a cada 14 de fevereiro, em plena praça públca e com altifalantes de feira. o namoro é o primeiro passo para nos levarmos a sério.
o dia dos namorados é, de todas as efemérides, a mais absurda. assinala o que não existe: o gosto de gostar de alguém, com líbido, prazeirosamente e ad eterno. o amor, para ser mais simples.
ora, o amor é uma mistificação, um vício, uma droga.
agarra-te e nunca mais consegues quebrar a dependência dessa ilusão. pelos momentos de prazer e encantamento passarás dez vezes mais tempo a penar, sofrendo.
e a cada revés, sofres ainda mais. e em cada uma dessas dores exponenciais, vais desejar a morte.
é uma cena demasiado melodramática essa: o amor torna-nos sériXs, e raramente somos pessoas divertidXs por muito tempo - a nossa vida descamba.
depois, mais cedo do que tarde, voltarás a cair na esparrela. apaixonas-te. a paixão consome. melhor seria o são valentim sumir com a paixão. mas não.

em nome da paixão mata-se, agride-se, chantageia-se, domina-se outrem. há lá coisa mais maniqueísta?
a paixão humana, com pessoas que não são família, é uma traição à liberdade, um golpe baixo na autonomia dos seres, uma reles compensação à solidão.
a paixão inverte a lógica racional; pior ainda, mete-a no baú dos segredos e passa a governar a nossa vida sem regra alguma. a paixão é um carrocel de emoções, uma montanha russa de desvarios, promessas tontas, juras de vida entre gambuzinos, ninguém fica em bom estado depois da experiência.
exponencialmente tornas-te mais infeliz.
e depois da paixão - antes dela é pouco provável, em paralelo talvez - há o amor, o tal dom em que cupido controla os terráqueos e estes se tornam gentinha tonta e, na melhor as hipóteses, sofredora mais tarde que cedo. mas infeliz sempre, pensando porém que estão 'bafejados pelo amor'.
o amor, enfim, é o veneno mais sorrateiro que conheço, o embuste mais que perfeito. se dá, tira em dobro. se tira, sonega em triplo. perdes sempre.

quarta-feira

as gentes da dita região saloia não têm culpa por serem usadas na expressão.
há saloios a mais em lisboa na esquerda.caviar.djambé.pensadora.
quase sempre aos pares, um saloio seguido de uma saloia. no instante posterior a ele perorar (reconheçamos toda uma problemática identitária...)  ela abana a cabecinha como aqueles cães de porcelana sobre colcha de renda a decorar o porta-bagagens dos automóveis. pode ser o abanar da cabecinha, pode ser a repetir a frase de trás para a frente, a salivar a mensagem no mesmo tom arrogante.
com este personagem se cozinha a nossa sociedadezinha civil, pequenina, persporrenta, convencida, autoritária.
e assim cultiva estatuto nas múltiplas nano-micro-associações .
discutem, estes ativistas, questões de uma essencialismo absoluto, onde tentam como gatos ensacados trepar o protagonismo, como se disso dependesse a sua sobrevivência.
discutem coisas tão seletas como o quão perigoso e errado é chamar apenas marcha, a uma marcha que o é de nome e de história, e onde querem injetar à força toda o sentido de manifestação - ainda que todos os anos se arrisquem reduzir o evento ao grupo de amigos com quem têm converseta de café; abusam dos anglicismos pois é muito mais culto e respeitável, já que a língua portuguesa é (cheia de) pobre (de espírito); impõem sem cerimónia os únicos pre-conceitos toleráveis, os do se grupo que não representa senão eles mesmos; com esta superlativa autosuficiência autista, assumem ser as cabeças pensantes de não um, não dois, mas três, quatro, cinco supostas organizações políticas, cada uma das quais não consegue juntar cinco pessoas.
nunca me esquecerei da desfaçatez com que uma destas ativistas, um dia, disse sem pudor: "qualquer dia não tenho braços para levar todas as bandeiras dos movimentos que represento".
então, cadê os outros? ps - o pior mesmo são estas mulheres que se comportam sempre como nº2.





Fernanda Takai e Zélia Duncan - Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme

terça-feira

tempos modernos II

    andando em trabalhos, à procura, dou com Sophia M.B.A. em 1989, maravilhosa:
    «A Grécia tem uma forte consciência do caos, quer dizer, o caos é o principio de tudo. O grego não tem a noção de pecado mas tem consciência que o crime vem estragar a ordem. O caos está latente, pode sempre soltar-se a qualquer momento.
    Eu penso que o caos e essa noite, a noite das feiticeiras, aquelas personagens todas macabras, também existem na Grécia. A Grécia não é só apolínea, é dionisíaca, e também tem aqueles deuses nocturnos……O que tem é tudo mais bem equilibrado, mais bem arquitectado.»
    (...)

    «Eu às vezes penso como é que é possível que o Mundo seja tão mal governado. É tudo advogados e economistas, pessoas que têm uma noção muito parcial da realidade muito desencarnada…»
tempos modernos I

agora, em espanha, o nº 3 do partido-sensação-putativo vencedor 2015,  podemos, é acusado de ter para cima de 600 mil euros ganhos em consultoria politica e não fiscalizados. aliás, tributados pelo menor imposto, que é o que acontece quando se cria uma empresa  de propósito para pagar menos. em vez de assumir, pedir desculpa, corrigir o erro e prometer não repetir, o homem e o seu partido-revelação negam, refutam e sublimam.
até parece que a bosta é sempre igual, só mudam as moscas...
vamos lá a ver:; não há complô nenhum, nem mesmo se os media que denunciam são 'do arco do poder'. há histórias mal contadas em que simplesmente  os factos saem da gaveta gritando por uma explicação verosímil à luz do dia.
não adianta assobiar, chamar nomes ou puxar cabelos.

é pensamento recorrente, aquele do poeta que diz "viver sempre também cansa".
cansa mesmo, mas mais que o viver, cansam os vícios de enrolanço com que as pessoas se entretêm a complicar a vida alheia.
liguem o descomplicómetro, por favor.

domingo


decidiu que doravante ia ser elx, mais elx e o mundo que se dane.

pois que se esparrame nas dores cruzadas, sofrimentos alheios e nas polémicas dos outros. decidiu também que nunca mais - tanto quanto nunca mais existe - as coisas seriam se não da sua forma, do seu modo de fazer próprio. foi um grito-mudo-de-ipiranga. um parágrafo às concessões, tolerâncias, satisfações e problematizações. 

e aí começou a domingar.

sábado


humor agridoce I

"...quero que te afogues nos teus clichés".

sexta-feira

a arrogância da ignorância. custa!
porque os factos não são escrutinados, a pesquisa não é incansável e a experiência é demasiado limitada.
- filha, não tens vaidade nenhuma...!

a vaidade, o brio de se ver ao espelho, o argumento do galanteio, essa coisa de que as feministas suspeitam em dúvida metódica,... a vaidade do aspecto, deuses!, a vida mostra que (isso) é um salvo-conduto para muita coisa na vidinha. 
então, entre um tempo que avança e um espaço de memória, quedas-te imóvel, ancorada para as necessidades mais básicas. pensas com a agilidade de um gatilho oleado e o físico não responde. 
há nesse intervalo de passividade revoltante um compasso de rendição pessoal.
espera que te movas.


segunda-feira


por elas, pelas outras, por aquelas que não falam, por nós, pelas que virão, pelas que nunca tiveram consciência, pelas que se foram por ter toda a consciência, pelas mulheres do mundo inteiro, pobres e ricas, cultas e analfabetas, orgulhosas e deprimidas, lindas e feias, boas e más, dondocas e proletárias, putas e freiras, cidadãs e ácidas, joviais e velhas, daqui e de longe, de hoje e de sempre,... e por estas: