quarta-feira

só real

encontrou alguém que não lhe era completamente estranho.
e nem viv'alma na paragem do autocarro.
os passageiros comuns - e não era o caso deste - estavam de olhos pregados no televisor.
falas mansas, ele disse-lhe que, vendo bem, não estava assim tão perdida, nem sem rumo.
ela surpreendeu-se com a precisão do diagnóstico.
pragmático, ele continuou: as coisas são como são!, o melhor é não fazer ondas, o mundo é dos espertos, toda a gente tem um amigo, e bem que temos de ser uns pr'ós outros, arranja-se sempre uma solução; temos que dar um jeitinho, faça-me esse favorzinho,... bem vistas as coisas somos uns porreiraços...
ela só queria um plano realista. estava farta do desalinhamento de ideias. todos os dias tentava a auto-regulação pelo espartilho da agenda...
olhou-o novamente. susteve o olhar no protector e enigmático parceiro e estremeceu: deu de caras com o seu alter-ego.
agora, tem ainda mais medo de si própria.

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