terça-feira

Michelangelo Antonioni

[1912-2007]
ele fez o 'meu' filme - identificação de uma mulher.
nem sei já o enredo de cor, só sei que foi 'o filme!"
acabou por fazer também um filme que tem um título belíssimo: profissão repórter

... o que só é mesmo possível nos filmes.

segunda-feira

famílias e cactos

só dá amor, quem tem amor para dar. a gente só dá o que quer, dentro do que pode. para mim, tornou-se numa evidência incontestável - como a lua que marca a noite. e quanto mais generosos somos, mais temos para dar.
a família deveria ser um mundo de afectividade e solidariedades. muitas vezes é ‘o que se vê!' . gosto que os afectos sejam a minha família, e nesse mundo meto todos que me são mais queridos/as. todos tão diferentes e todos tão iguais quando olho com o coração. podemos ter uma família enorme recheada de solidão; podemos ter uma família pequena, a transbordar de carinho; e podemos ter várias famílias, uma espécie de rede tecida ao sabor dos tempos e dos afectos, e daquele-não-sei-quê espiritual 'sagrado' que nos faz ser – independentemente de como pensamos, do que fazemos na vida, ou da aparência física.
um dia o mundo vai estar preenchido com estas “famílias” - são como cactos: resistem à adversidade, com pouca água armazenam muita, aguentam-se e saciam a sede dos outros.

fossemos todos assim e provavelmente havia muito mais gente feliz .

quinta-feira

amei, mulher!

"tens muito dinheiro, mas não consegues (pagar) um caminho livre"
you got a lot of money,but you can't affort a free way *


[*do próximo album de aimée mann, em janeiro de 2008;
ontem ela foi fidelissíma! só a voz, cristalina e literal na expressão, chegavam... mas esta é também a loira mais linda da música que me consola. ai_mé, (wo)man!]

terça-feira

sabura



mi-go


dexa


mundo

papiá*








* não me importa... que o mundo fale [grafitti em escola da Cova da Moura]

sexta-feira

je t'aime... moi non plus



"tout le monde dit et répète 'je t'aime'. il faut faire attention aux mots. ne pas les répéter à tout bout de champ. ni les employer a tort et à travers, les uns pour les autres, en racontant des mensonges. autrement, les mots s'usent. et parfois, il est trop tard pour les sauver."


[erik orsenna]

quinta-feira

até ver...

li um um dia uma frase que me marcou para sempre e como qualquer memória selectiva se gravou assim: "como deus não podia estar em toda a parte, então inventou a mãe" [quando encontrar a citação exacta, num dos livros de eduardo sá*, reproduzo-a aqui...]

lembrei-me disto porque o mundo, apesar de ninguém acreditar nisso, é mesmo quase perfeito. haja mãe(s)!
a vida dá, tira e devolve, e a única coisa que custa é entender os meandros desses ciclos. [isto é filosofia barata, eu sei. mas também posso desenjoar das coisas sérias que me ocupam horas e horas do dias que correm, ou onde eu corro - que é mais próximo da verdade.]

será que temos uma 'missão' colectiva? há quem acredite nisso. metade do mundo acreditava nisso até 1989. e uma estratégia pessoal? a outra metade sublinhava quão imprescindível isso era. e há os que acreditam nos pequenos passos, nos momentos, no instante que passa, tudo passa, na qualidade de vida que favorecemos, na solidariedade, na 'maternidade'...
falo por mim: não tenho uma estratégia pessoal, falta-me a ambição que sempre faz a diferença nas relações de poder. andamos cá para quê? para ir vivendo, e desenrascando, e pagando impostos, um cineminha hoje, uma jantarada amanhã, férias à maneira, um cartão de crédito a desejar plafond eterno, andamos para procriar, chatear o chefe, sacar o fim do mês, estoirar demais nos saldos, resmungar com tudo o que nos desagrada sem saber bem quanto somos responsáveis, apanhar banhos de multidão ou de sol, conforme os gostos?

[ ? ? ? ? ? ? ?]

cada um sabe de si. a vida é curta e simples, umas vezes triste, outras alegre. pode ser útil, ser interesseira, ou ser conveniente. pode ser a 'vidinha', a pensar na promoção, na reforma; pode ser 'por uma causa', e esquecer os afectos dos que são próximos; pode ser só apenas ser como somos. e ser é uma grande bem-aventurança: arruma o ter a um canto e dá muito mais espaço ao espírito para gozar o tempo.

cruzamo-nos com muita gente na vida e umas pessoas são-nos indiferentes, outras fazem-nos bem, outras fazem-nos menos bem. e nós, como queremos ficar, ténues ou vincadas, nas memórias de todas?
quando nos olhamos - e pode bem ser a um espelho de água - vemos o quê?
eu gosto de ver liberdade e fraternidade, porque a igualdade não depende de mim. e gosto de ver gente que olha com a mesma luz e ama com a mesma intensidade. só isso.

[talvez como Lanza del Vasto, Mahatma Gandhi, Teresa de Calcutá, Abbé Pierre, Nelson Mandela e mais uns quantos anónimos...]

*que diz "talvez nunca sejamos naturalmente belos, mas o amor dos outros torna-nos belos".

segunda-feira

[nouvelle vague ao vivo]

noite refrescante, em todos os sentidos..bonita a partilha de momentos de puro gozo
"Let's dance little stranger
Show me secret sins
Love can be like bondage
Seduce me once again
Burning like an angel
Who has heaven in reprieve
Burning like the voodoo man
With devils on his sleeve
Won't you dance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility
Like an apparition
You don't seem real at all
Like a premonition
Of curses on my soul"

domingo

helena de lisboa

pois, todos já sabiam que antónio costa iria ser o novo presidente da câmara de lisboa. conheço-o há imensos anos, e até lhe tenho apreço - e na lista dele há imensa gente competentíssima. mas não votei nele, nem votaria, tendo melhor escolha.e aqui desta freguesia onde me encontro só estranho o segundo lugar de carmona rodrigues, que também pode ser um bom homem, mas sinceramente... não foi ele que deixou lisboa em pantanas? quanto ao mais, os comunistas e os independentes 'zé' sá fernandes e helena roseta, mais os que dessas listas conseguirem ser eleitos, devem dar uma maioria confortável para reconstruir lisboa, a tal que parece que sofreu um terramoto nos últimos anos - sem o estrondo, nem as medidas de emergência que surgem depois das catástrofes... por isso, só espero que deitem mãos à obra e encham de orgulho os poucochinhos lisboetas que, como eu, foram votar pelo acto cívico que assumiram. tenho dito.

p.s. - sim, memorável o chumbo de telmo's pp

pecado capital (2)

a inveja é uma coisa terrível, bem sei. parece até que é um pecado capital, o segundo - mas não sou entendida nessas coisas.
só que ocorreu-me a inveja que eu sentiria de mim, se não tivesse as amigas que tenho.
porque valem pelo que são, diferentes, abertas, positivas, disponíveis, com pontos de vista contrários, numa onda de liberdade que dá segurança.

as boas surpresas nascem daí: dos programas imprevistos, das experiências inesperadas, sem horas marcadas.

sexta-feira

lisboa a votos

domingo pode acontecer alguma coisa por lisboa e pelos cidadãos. as sondagens ajudam a perceber que não haverá maioria absoluta - graças!!! -, muito provavelmente António Costa será o presidente da autarquia, mas também que as candidaturas mais 'pequenas' (não as pequeninas ou invisíveis) podem ajudar a fazer a diferença, quando é preciso uma maioria para trabalhar.
acredito que ajudem a denunciar o que vai mal, quando for mal, ou o propor o que se pode melhorar na cidade pontualmente e com escassos meios, típicos da gestão doméstica. a minha escolha de eleitora anda por aqui - mesmo que vá a banhos. os lisboetas podem (re)voltar por lisboa. escolham também, se for esse o vosso caso. só mesmo inconscientes é que vamos premiar quem deixou a cidade neste estado...
e que (re)viva lisboa!

quinta-feira

gay & lésbico em brincadeiras inocentes

é um dos mais deliciosos posts dos últimos tempos. claro que conhecer o contexto ajuda à ironia da verdade, ou vice-versa. independentemente disso, não deixa de fazer sorrir - bem escasso nos dias que correm...

como não tenho o mesmo 'engenho e arte', limito-me a deixar aqui um mau retrato da montra de uma loja, num bairro tradicional lisboeta.que não seja por falta de 'cereja' no cimo do bolo que os casamentos homossexuais (masculinos) não se realizam...


tal como no tempo da santa inquisição Galileu ,"ao sair do tribunal após sua condenação, disse uma frase célebre: "Eppur si Muove!", ou seja, "contudo, ela se move", referindo-se à Terra".

quarta-feira

Bruna no desafio ao pessimismo

Bruna Lombardi, actriz e escritora brasileira, foi entrevistada no Sol. Bruna foi uma 'musa' em anos que já lá vão. Mas as fotos da revista Tabu mostram uma mulher invejável nos seus 55 anos de vida, com um filho já adulto, e uma cabeça sadia como há poucas. Procurem a revista e leiam o que Bruna diz sem presunção. Descubram como a vida vale pelo caminho e não pelo fim.
Citações avulsas, da entrevista de Vladimiro Nunes:


«As relações, como as amizades, são uma lotaria, uma questão de sorte. E um trabalho também. Nenhuma relação vem pronta. Não existe a mulher ou o homem ideal, nem sei o que isso será. Nunca se trata da busca de uma perfeição, mas de um melhor uso daquilo que a gente tem: o humor, o amor, o jardim, a comida, o tentar não perder o momento. O resto é um dia de cada vez»

"Interesso-me mais pelo processo que pelo resultado. Sou assim em tudo. Quando chega o resultado, já não estou tão interessada naquilo"
"O humano é humano (...) O verdadeiro humano é universal".


"O maior legado que o meu pai me deixou foi um profundo respeito pela liberdade, a minha e a dos outros".

[sobre o companheiro de 30 anos, o actor Carlos Alberto Riccelli]
"A liberdade tem de ser primordial na vida de uma pessoa. Se ele quiser outra mulher, tem de resolver isso e eu não posso prende-lo"

[Perdoava-lhe, se ele se relacionasse com outra mulher?]
"Não tenho de perdoar, tenho de compreender".

[Adere a alguma forma organizada de religião?]
"Não uso esses intermediários. Para mim, é um processo íntimo, mas de grande religiosidade"

"O amor é uma forma de oração. E há a gratidão. Todos os dias agradeço ao Universo. Isso também é uma oração"

terça-feira

so(bre o) real

cada um colecciona a seu modo - selos, artesanato, pintura, bibelôs, letras, sons, imagens ténues e memórias frouxas
ela, com a mania de ser diferente, vagamente solitária, socialmente atípica, colecciona 'desaparecimentos': aquele que deixou de ver, aquela que deixou de sentir, o outro que deixou de viver, aqueloutra que se fez ao largo, mais o outro a que ninguém põe os olhos em cima, e por aí fora.
a este pacote XL de 'desaparecidos' junta-lhe o seu próprio código de barras: sinalizam-na como gente que, a cada receita, indica 'medicamento que faz bem=pessoa descartável' . assim, a colecção dela cresce exponencialmente à custa do rótulo. certo dia, porém, dá-se conta que não vale a pena pensar mais na importância disso tudo, por mais esmerada coleccionadora que se seja. coleccionador vira peça de colecção no lote dos 'desaparecimentos'. e nem adianta falar de saudade. são coisas da vida.

segunda-feira

blue monday...or green or rainbow

dia memorável de surpresas
flores, discos, livros, mensagens, massagens e mil mimos
...não há nada melhor que ter certa gente de presente


domingo

se os dias se reduzissem a pó, seria assim...

o mar continua a ser um digníssimo bálsamo
uma pessoa comunica-te que tem cancro
há sol e calor e, mesmo assim, há quem se embrulhe em lamúrias
alguém que fossilizou desenterra-se por sms
fodes, fodes e gostas.... mesmo se roubas ao sono
há uma criança que morre aos seis meses!
existe o desejo, vive-se o real e, eventualmente, há um 'caminho do meio'
toda a correria do quotidiano alucinado te exaure
a tua pequena paixão conta sete dias
não sabes nada de nada, mas não há desorientação
olhas um país de cócoras com um especulador pretenso mecenas
o tempo some-se no momento mais inoportuno

quase só o tele-entretainment e os soundbites fazem notícias
regressa a nostalgia não-se-sabe-bem-do-quê...


e a única coisa lixada é a impossibilidade de desatarraxar o cérebro

sábado

para pensar



Stop the Clash of Civilizations

sexta-feira

em podendo...como se dizia antigamente


o fim-de-semana chega solarengo e disponível e a gente instala-se nele para limpar a mente, lavar a alma nas águas do mar, e banhar o corpo nos raios de sol.

e os dias que ficaram para trás, com um novo e terno 'amorzinho', a alegria de um concerto inolvidável, o stresse dispensável do trabalho mais o gozo de pessoas luminosas que se conhecem assim, as primeiras saudades dos que me são queridos e os choques vitais que fizeram a tristeza dos amigos,... tudo isso, isso tudo ganhará a dimensão do trivial.
o que importa mesmo é a alegria dos dias que passam por julho, o meu mês das cerejas.

quarta-feira

[arcade fire ao vivo]

irresistível cantar, pular, explodir ...
com amigos à volta e (um)a grande banda em palco.
gostei especialmente da percursionista-teclista-sei-lá-que-mais...



serve como aperitivo?

[quero mais!]

segunda-feira

[little break]

das coisas finitas, fazer amor é a melhor...
porque não se lhe conhecem contra-indicações.