terça-feira

so(bre o) real

cada um colecciona a seu modo - selos, artesanato, pintura, bibelôs, letras, sons, imagens ténues e memórias frouxas
ela, com a mania de ser diferente, vagamente solitária, socialmente atípica, colecciona 'desaparecimentos': aquele que deixou de ver, aquela que deixou de sentir, o outro que deixou de viver, aqueloutra que se fez ao largo, mais o outro a que ninguém põe os olhos em cima, e por aí fora.
a este pacote XL de 'desaparecidos' junta-lhe o seu próprio código de barras: sinalizam-na como gente que, a cada receita, indica 'medicamento que faz bem=pessoa descartável' . assim, a colecção dela cresce exponencialmente à custa do rótulo. certo dia, porém, dá-se conta que não vale a pena pensar mais na importância disso tudo, por mais esmerada coleccionadora que se seja. coleccionador vira peça de colecção no lote dos 'desaparecimentos'. e nem adianta falar de saudade. são coisas da vida.

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