sexta-feira

no 25 de abril

"há uns anos resolvi fazer uma daquelas coisas que uma pessoa acha que tem de fazer uma vez. peguei em dois miúdos e levei-os à manif do 25 de abril. pronto, fiz, e está feito. mesmo com o meu horror a multidões, resolvi dar-lhes um banho de multidão, entre o festivo e o panfletário, só para experimentarem. foi uma chatice monumental para as pobres crianças que, arrastadas e contrariadas, ainda assim, foram fazendo as perguntas que se (lhes) impunham. pela minha parte, sou capaz de ter dado mais uma seca. coisa de gente de "ideias fixas". as minhas advêm da memória vivida. lembro-me do antes e do depois do 25 de abril de 1974 (...). tento não ter nostalgia.
tantos anos depois, há sinais que sinto como presságios – só não sei de quê. nessa altura também os houve e a vida esteve presa por um fio.
hoje dei-me conta, outra vez, do quanto a revolução foi incompleta. e sê-lo-á por gerações. pode ser que pessoas de "ideias fixas" não desistam do seu inconformismo diário. às vezes com um gesto, outras vezes com uma atitude, outras com a integridade. fazer isso é incrivelmente mais fácil porque houve um 25 de abril."
tudo, nele, teria sido inevitável?... foi elementar.

2 comentários:

Rita Maria disse...

A sério? Os meus irmãos mais novos divertiram-se imenso, e depois manifestavam-se por tudo e por nada, gomas sempre, sopa nunca mais...

NAFTAMOR // Melhoral disse...

:)