domingo

a dor e os amigos

num dia, há 40 graus para derreter em qualquer lugar. uma marcha de galdérias, um desfile de ciclistas nus, uma festa de gays e lésbicas. milhões de pessoas nas praias ao sol tórrido, transportes colectivos apinhados, carros de família em pára-arranca doloroso. num dia, há notícias que não vemos, nem lemos, nem queremos saber. a noite é do demo, na alegria e na bebedeira, no deve e haver de amor-sei-lá-se-é. num dia, somos felizes. no outro acordamos tristes de um sono leve e agitado, e nada do que possámos pensar nos alívia a dor. e como não há dores perfeitas, há alguém que nos liga 'do outro lado', e alguém que nos liga deste a falar do lado de lá da dor mais profunda. há um sms sem valor, meramente simbólico, a imperfeição dos pêsames, tão humana, descascada de pudor.
é nesse exacto momento que balançamos entre o que temos de menos e o que não teremos nunca mais, um dia. temos sempre de menos o transitório sem perceber o valor do que é incondicional. inventar problemas? eles mesmos entram na nossa vida com a armadura dos sérios e a censura devida aos levianos.
os amigos, dois amigos, tão diferentes e tão iguais, tão desprotegidos e tão fraternos. como compensar as dádivas e o amor incondicional que me dão?
como suspender-lhes a dor e resgatá-los do lugar onde manda o sofrimento?

1 comentário:

g disse...

Aqui fica o meu abraço.