quinta-feira

saravá

a gente passa a vida a repetir-se
os meus amores-perfeitos são de uma inusitada ética
murcham, arrebitam, sorriem e nunca mais acabam

do amor desastrado, e dos golpes de sorte, aporto num cais
ela entra de mansinho, quero até nunca mais
tenho o escrúpulo do ralenti, jeito de amadora, toque de veludo

sou absolutamente exclusivista, introspectiva, devotada
ninguém mais entende este gostar de alguém
há uma estética parva a atirar para o arco-íris
festejo um dia de chuva e todo o sol escaldante
queimo o cérebro em conjecturas, risco lembranças a traço de lápis

a estética das amantes é antagónica ao que supõem delas
e toda a pressa resulta em precipício
um princípio apenas, para um voo divino
peço proteção aos planetas e aos mares
tudo me revolve as entranhas
mas a alegria é mesmo um destino

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