é pelo menos a segunda vez que, às claras, sou tramada pelo povo de deus. expliquem-me como é que alguém, de uma escola católica tem imparcialidade para abordar uma temática lgbt? não tem.
a culpa estará sempre a sussurrar-lhe: é pecado. o anjo da guarda preserva os valores da igreja. é assim há séculos. há um espírito santo de orelha que tolhe a diversidade.
devia pois argumentar com objeção de consciência...
quando a vida vai longa, podemos olhar para trás e fazer balancetes.
encontro sempre as instituições e convenções sacrossantas a levar a melhor sobre os espíritos livre.
um espírito livre morre na praia sucessivamente até se afogar ou a maré baixa lhe dar algum fôlego.
deve ser a isso que chamam "não nascer com o rabo virado para a lua"
ps - respeito toda a gente e todas as crenças, mas sou ateia. é uma grande responsabilidade! não há maior pecado. e o que custa 'mais' é que não há guerras por causa dos ateus...
AS MULHERES TÊM TODAS UM PONTO DO CORPO, UM RECANTO DA CIDADE, UMA HORA DO DIA, QUE SÃO NELAS COMO QUE UMA PORTA SECRETA, PELA QUAL PODEM SAIR DE SI PRÓPRIAS, DA SUA TIMIDEZ, E PENETRAR EM TODA A ESPÉCIE DE LOUCURAS, GRAVES OU VENIAIS.[Erik Orsenna]
sábado
domingo
se um dia a morte me bater à porta - se? talvez quando... - não a farei esperar, nem desejo que se mostre hesitante quanto à escolha desta passageira. nem todas as coisas têm de ter uma profunda e racional razão de escolha. imaginem se a morte avaliasse cada passageiro que conduz daqui para nenhures? imaginem-se os custos fixos desta empresa? o pessoal assalariado para fazer a triagem teria de ser um enorme exército muito bem treinado e célere nos resultados.
quando a morte me bater à porta, não quero mais tempo para nada - nem evocação de memórias, nem despedidas, nem heranças, nem despojos, nem últimos desejos. quero que seja ligeira e eficaz na recolha, para que nada cheire mal. e que seja piedosa na dor que afeta às afeições que me enchem a vida. que seja forte, como a vida.
terça-feira
quando te sentes exausta, primeiro, depois vazia de raciocínio, e logo de seguida exaurida e soterrada, resta desejar que as cerimónia de despedida seja muito benevolentemente evocativa das tutas qualidades humanas, as tais que te levaram à falência de ânimo. e que cantem a QUEIXA DAS ALMAS JOVENS CENSURADAS ou JUST ANOTHER DAY. e é isso! somos todas boas pessoas, mas viver sempre também cansa (José Gomes Ferreira dixit, salvo erro...)
tolhidxs pela vergonha
as pessoas - de esquerda - estranham que a quatro dias do aniversário do 25 de abril de 74 não se fale dele.
é uma data, e por mais simbólica que seja, também se encolhe de vergonha!
além disso, a coisa tem 41 anos. acontece o mesmo com a maioria dos/as trabalhadore/as: até aos 30 (e tal) anos não os/as levam a sério, depois dos 40 já são cotas.
é uma data, e por mais simbólica que seja, também se encolhe de vergonha!
além disso, a coisa tem 41 anos. acontece o mesmo com a maioria dos/as trabalhadore/as: até aos 30 (e tal) anos não os/as levam a sério, depois dos 40 já são cotas.
segunda-feira
há na foto, destes tempos (desconheço autor@), dois punctum especialmente perturbantes:
os corpos inchados das pessoas do continente africano - homens e mulheres - que deram à costa. depois de sabe-se lá quantos golpes da vida...
os fatos laranja, em fundo, das equipas sanitárias que recolhem os defuntos, em tudo aparentemente iguais às das vítimas condenadas à morte pelo "estado islâmico" e executadas noutras praias.
como se este ciclo de morte se perpetuasse... como se a única rede possível fosse a da morte.
a figura que caminha vai andrajosa. matuta nas virtudes do amor.
todos os dias há um jornal que glorifica o amor. pode ser um estudo, pode ser a entrevista de um especialista, pode ser um poema.
a figura que caminha leva o olhar no chão. tenta equilibrar-se na íngreme calçada à portuguesa.
e faz contas aos euros que não tem.
três idas ao centro de emprego e nenhum subsídio. as contas, essas, continuam a cair. a pessoa contribuinte está refem das empresas provedoras de serviços mínimos.
água, luz, net, seguro, habitação, e vá..., um ou outro pagamento a prestações.
as contas chegam impiedosamente à caixa postal.
a figura que caminha pensa no luxo que tem. nada
mais de quatro euros o maço de tabaco, não prescinde deste gozo que acelera o fim da vida.
a figura que caminha pensa no seu dia, atabalhoado, sobrevivente, desesperado.
a figura que caminha saiu de casa para piorar a gripe que lhe quebra resistências.
a figura que caminha queria estar alegre, soltar um sorriso, talvez gargalhar.
todos os dias há um jornal que glorifica o amor. pode ser um estudo, pode ser a entrevista de um especialista, pode ser um poema.
a figura que caminha leva o olhar no chão. tenta equilibrar-se na íngreme calçada à portuguesa.
e faz contas aos euros que não tem.
três idas ao centro de emprego e nenhum subsídio. as contas, essas, continuam a cair. a pessoa contribuinte está refem das empresas provedoras de serviços mínimos.
água, luz, net, seguro, habitação, e vá..., um ou outro pagamento a prestações.
as contas chegam impiedosamente à caixa postal.
a figura que caminha pensa no luxo que tem. nada
mais de quatro euros o maço de tabaco, não prescinde deste gozo que acelera o fim da vida.
a figura que caminha pensa no seu dia, atabalhoado, sobrevivente, desesperado.
a figura que caminha saiu de casa para piorar a gripe que lhe quebra resistências.
a figura que caminha queria estar alegre, soltar um sorriso, talvez gargalhar.
terça-feira
As Pessoas Sensíveis
Sophia de Mello Breyner Andresen
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
Porque eles sabem o que fazem
in Livro Sexto, 1962
quarta-feira
terça-feira
nasceu nos anos 60, mas foi nos oitenta que viveu mais feliz. era livre.
gostava de história e de jornais. planeou ser socióloga mas foi ter ao ofício da concisão e da celeridade. a escola de vida foi a telefonia. nada no tempo lhe é estranho.
e reportou carnavais, cemitérios, campanhas eleitorais. estudou comunicação, gestão e ensinou jornalismo, fez noticiários e crónicas na rádio, dossiês temáticos em revistas, reportagens, entrevistas e breves nos jornais, e até fez fretes nos anos spindoctor. tememos esqueletos em armários até que vendemos a alma ao diabo.
faz transcrições, edições e instigações. the new media is the blackmail media.
deambula entre bolos, tartes e pensamentos tolos, entremeando trabalhos académicos para dar consistência a si mesma como sobrevivente.
tem uma família, filhos, algumas amizades e um contingente de conhecidos. muitos recuerdos. nenhuma crença. não volta nunca aos lugares onde foi feliz.
há muita coisa que não sabe explicar. lamenta pouco, sentir quase nunca faz bem.
gostaria de não ter perdido a intuição.
pensa que «anda (muito menos de) meio-mundo, a enganar outro meio».
dorme tarde, sem sono, de consciência tranquila.
é noctívaga, invernosa, solarenga. não sabe nada da vida. continua a gostar de histórias de pessoas,
em algum momento descarrilou do futuro promissor. mas ainda pasma com um dia claro e harmonioso. e chora com narrativas de dilemas de gente.
reconcilia-se um pouquinho a olhar a lua cheia e no barulho do mar.
talvez um dia consiga chegar ao tibete ou passear nas praias de goa.
gostava de história e de jornais. planeou ser socióloga mas foi ter ao ofício da concisão e da celeridade. a escola de vida foi a telefonia. nada no tempo lhe é estranho.
e reportou carnavais, cemitérios, campanhas eleitorais. estudou comunicação, gestão e ensinou jornalismo, fez noticiários e crónicas na rádio, dossiês temáticos em revistas, reportagens, entrevistas e breves nos jornais, e até fez fretes nos anos spindoctor. tememos esqueletos em armários até que vendemos a alma ao diabo.
faz transcrições, edições e instigações. the new media is the blackmail media.
deambula entre bolos, tartes e pensamentos tolos, entremeando trabalhos académicos para dar consistência a si mesma como sobrevivente.
tem uma família, filhos, algumas amizades e um contingente de conhecidos. muitos recuerdos. nenhuma crença. não volta nunca aos lugares onde foi feliz.
há muita coisa que não sabe explicar. lamenta pouco, sentir quase nunca faz bem.
gostaria de não ter perdido a intuição.
pensa que «anda (muito menos de) meio-mundo, a enganar outro meio».
dorme tarde, sem sono, de consciência tranquila.
é noctívaga, invernosa, solarenga. não sabe nada da vida. continua a gostar de histórias de pessoas,
em algum momento descarrilou do futuro promissor. mas ainda pasma com um dia claro e harmonioso. e chora com narrativas de dilemas de gente.
reconcilia-se um pouquinho a olhar a lua cheia e no barulho do mar.
talvez um dia consiga chegar ao tibete ou passear nas praias de goa.
domingo
Maria Maria Acha Kutscher juntou os movimentos ocuppy, 15M, feministas,...para uma galeria fantástica de retratos de mulheres revoltadas e irreverentes, dos nossos dias, no projeto As INDIGNADAS (imagem deste e de outros projetos da criadora):
sexta-feira
umbiguismo
nós, a grécia,a alemanha, em troca de galhardetes, pretexto para esplanar sapiências várias, elogios a 'deus' grego, ironias sobre patetas que desgovernam,
e depois há isto: os imigrantes que naufragam no mediterrâneo, os hediondos crimes do dito estado islâmico, os terroristas boko haram,...
europa
o lixo que é o discurso de virgem ofendida sempre me entediou - ai, agora a troika tem de reparar o rombo, ainda que a dignidade de Portugal não tenha sido beliscada, enfim, nem se ouvem entre eles... - o autismo em relação ao outro é uma chaga transversal.
prefiro escutar o dialogo de surdos a leste. sobre o eixo berlim-atenas só nos próximos 120 dias veremos se o copo ficou meio cheio ou meio vazio.
em nenhum caso será o fim do mundo.
nós, a grécia,a alemanha, em troca de galhardetes, pretexto para esplanar sapiências várias, elogios a 'deus' grego, ironias sobre patetas que desgovernam,
e depois há isto: os imigrantes que naufragam no mediterrâneo, os hediondos crimes do dito estado islâmico, os terroristas boko haram,...
europa
o lixo que é o discurso de virgem ofendida sempre me entediou - ai, agora a troika tem de reparar o rombo, ainda que a dignidade de Portugal não tenha sido beliscada, enfim, nem se ouvem entre eles... - o autismo em relação ao outro é uma chaga transversal.
prefiro escutar o dialogo de surdos a leste. sobre o eixo berlim-atenas só nos próximos 120 dias veremos se o copo ficou meio cheio ou meio vazio.
em nenhum caso será o fim do mundo.
quinta-feira
ela é uma das duas cartoonistas retratadas no documentário "CARICATURISTES, Fantassins de la démocratie" (2014): nadia khiari e o seu "willis from tunis" - sim, há toda uma filosofia à volta dos gatos...
domingo
o são valentim, provavelmente, nunca imaginou que iria tornar-se uma obsessão de consumo em pleno século XXI.
à pala do são valentim valorosXs namoradXs confessam as suas paixões a cada 14 de fevereiro, em plena praça públca e com altifalantes de feira. o namoro é o primeiro passo para nos levarmos a sério.
o dia dos namorados é, de todas as efemérides, a mais absurda. assinala o que não existe: o gosto de gostar de alguém, com líbido, prazeirosamente e ad eterno. o amor, para ser mais simples.
ora, o amor é uma mistificação, um vício, uma droga.
agarra-te e nunca mais consegues quebrar a dependência dessa ilusão. pelos momentos de prazer e encantamento passarás dez vezes mais tempo a penar, sofrendo.
e a cada revés, sofres ainda mais. e em cada uma dessas dores exponenciais, vais desejar a morte.
é uma cena demasiado melodramática essa: o amor torna-nos sériXs, e raramente somos pessoas divertidXs por muito tempo - a nossa vida descamba.
depois, mais cedo do que tarde, voltarás a cair na esparrela. apaixonas-te. a paixão consome. melhor seria o são valentim sumir com a paixão. mas não.
em nome da paixão mata-se, agride-se, chantageia-se, domina-se outrem. há lá coisa mais maniqueísta?
a paixão humana, com pessoas que não são família, é uma traição à liberdade, um golpe baixo na autonomia dos seres, uma reles compensação à solidão.
a paixão inverte a lógica racional; pior ainda, mete-a no baú dos segredos e passa a governar a nossa vida sem regra alguma. a paixão é um carrocel de emoções, uma montanha russa de desvarios, promessas tontas, juras de vida entre gambuzinos, ninguém fica em bom estado depois da experiência.
exponencialmente tornas-te mais infeliz.
e depois da paixão - antes dela é pouco provável, em paralelo talvez - há o amor, o tal dom em que cupido controla os terráqueos e estes se tornam gentinha tonta e, na melhor as hipóteses, sofredora mais tarde que cedo. mas infeliz sempre, pensando porém que estão 'bafejados pelo amor'.
o amor, enfim, é o veneno mais sorrateiro que conheço, o embuste mais que perfeito. se dá, tira em dobro. se tira, sonega em triplo. perdes sempre.
à pala do são valentim valorosXs namoradXs confessam as suas paixões a cada 14 de fevereiro, em plena praça públca e com altifalantes de feira. o namoro é o primeiro passo para nos levarmos a sério.
o dia dos namorados é, de todas as efemérides, a mais absurda. assinala o que não existe: o gosto de gostar de alguém, com líbido, prazeirosamente e ad eterno. o amor, para ser mais simples.
ora, o amor é uma mistificação, um vício, uma droga.
agarra-te e nunca mais consegues quebrar a dependência dessa ilusão. pelos momentos de prazer e encantamento passarás dez vezes mais tempo a penar, sofrendo.
e a cada revés, sofres ainda mais. e em cada uma dessas dores exponenciais, vais desejar a morte.
é uma cena demasiado melodramática essa: o amor torna-nos sériXs, e raramente somos pessoas divertidXs por muito tempo - a nossa vida descamba.
depois, mais cedo do que tarde, voltarás a cair na esparrela. apaixonas-te. a paixão consome. melhor seria o são valentim sumir com a paixão. mas não.
em nome da paixão mata-se, agride-se, chantageia-se, domina-se outrem. há lá coisa mais maniqueísta?
a paixão humana, com pessoas que não são família, é uma traição à liberdade, um golpe baixo na autonomia dos seres, uma reles compensação à solidão.
a paixão inverte a lógica racional; pior ainda, mete-a no baú dos segredos e passa a governar a nossa vida sem regra alguma. a paixão é um carrocel de emoções, uma montanha russa de desvarios, promessas tontas, juras de vida entre gambuzinos, ninguém fica em bom estado depois da experiência.
exponencialmente tornas-te mais infeliz.
e depois da paixão - antes dela é pouco provável, em paralelo talvez - há o amor, o tal dom em que cupido controla os terráqueos e estes se tornam gentinha tonta e, na melhor as hipóteses, sofredora mais tarde que cedo. mas infeliz sempre, pensando porém que estão 'bafejados pelo amor'.
o amor, enfim, é o veneno mais sorrateiro que conheço, o embuste mais que perfeito. se dá, tira em dobro. se tira, sonega em triplo. perdes sempre.
quarta-feira
as gentes da dita região saloia não têm culpa por serem usadas na expressão.
há saloios a mais em lisboa na esquerda.caviar.djambé.pensadora.
quase sempre aos pares, um saloio seguido de uma saloia. no instante posterior a ele perorar (reconheçamos toda uma problemática identitária...) ela abana a cabecinha como aqueles cães de porcelana sobre colcha de renda a decorar o porta-bagagens dos automóveis. pode ser o abanar da cabecinha, pode ser a repetir a frase de trás para a frente, a salivar a mensagem no mesmo tom arrogante.
com este personagem se cozinha a nossa sociedadezinha civil, pequenina, persporrenta, convencida, autoritária.
e assim cultiva estatuto nas múltiplas nano-micro-associações .
discutem, estes ativistas, questões de uma essencialismo absoluto, onde tentam como gatos ensacados trepar o protagonismo, como se disso dependesse a sua sobrevivência.
discutem coisas tão seletas como o quão perigoso e errado é chamar apenas marcha, a uma marcha que o é de nome e de história, e onde querem injetar à força toda o sentido de manifestação - ainda que todos os anos se arrisquem reduzir o evento ao grupo de amigos com quem têm converseta de café; abusam dos anglicismos pois é muito mais culto e respeitável, já que a língua portuguesa é (cheia de) pobre (de espírito); impõem sem cerimónia os únicos pre-conceitos toleráveis, os do se grupo que não representa senão eles mesmos; com esta superlativa autosuficiência autista, assumem ser as cabeças pensantes de não um, não dois, mas três, quatro, cinco supostas organizações políticas, cada uma das quais não consegue juntar cinco pessoas.
nunca me esquecerei da desfaçatez com que uma destas ativistas, um dia, disse sem pudor: "qualquer dia não tenho braços para levar todas as bandeiras dos movimentos que represento".
então, cadê os outros? ps - o pior mesmo são estas mulheres que se comportam sempre como nº2.
há saloios a mais em lisboa na esquerda.caviar.djambé.pensadora.
quase sempre aos pares, um saloio seguido de uma saloia. no instante posterior a ele perorar (reconheçamos toda uma problemática identitária...) ela abana a cabecinha como aqueles cães de porcelana sobre colcha de renda a decorar o porta-bagagens dos automóveis. pode ser o abanar da cabecinha, pode ser a repetir a frase de trás para a frente, a salivar a mensagem no mesmo tom arrogante.
com este personagem se cozinha a nossa sociedadezinha civil, pequenina, persporrenta, convencida, autoritária.
e assim cultiva estatuto nas múltiplas nano-micro-associações .
discutem, estes ativistas, questões de uma essencialismo absoluto, onde tentam como gatos ensacados trepar o protagonismo, como se disso dependesse a sua sobrevivência.
discutem coisas tão seletas como o quão perigoso e errado é chamar apenas marcha, a uma marcha que o é de nome e de história, e onde querem injetar à força toda o sentido de manifestação - ainda que todos os anos se arrisquem reduzir o evento ao grupo de amigos com quem têm converseta de café; abusam dos anglicismos pois é muito mais culto e respeitável, já que a língua portuguesa é (cheia de) pobre (de espírito); impõem sem cerimónia os únicos pre-conceitos toleráveis, os do se grupo que não representa senão eles mesmos; com esta superlativa autosuficiência autista, assumem ser as cabeças pensantes de não um, não dois, mas três, quatro, cinco supostas organizações políticas, cada uma das quais não consegue juntar cinco pessoas.
nunca me esquecerei da desfaçatez com que uma destas ativistas, um dia, disse sem pudor: "qualquer dia não tenho braços para levar todas as bandeiras dos movimentos que represento".
então, cadê os outros? ps - o pior mesmo são estas mulheres que se comportam sempre como nº2.
terça-feira
tempos modernos II
andando em trabalhos, à procura, dou com Sophia M.B.A. em 1989, maravilhosa:
«A Grécia tem uma forte consciência do caos, quer dizer, o caos é o principio de tudo. O grego não tem a noção de pecado mas tem consciência que o crime vem estragar a ordem. O caos está latente, pode sempre soltar-se a qualquer momento.
Eu penso que o caos e essa noite, a noite das feiticeiras, aquelas personagens todas macabras, também existem na Grécia. A Grécia não é só apolínea, é dionisíaca, e também tem aqueles deuses nocturnos……O que tem é tudo mais bem equilibrado, mais bem arquitectado.»
(...)
«A Grécia tem uma forte consciência do caos, quer dizer, o caos é o principio de tudo. O grego não tem a noção de pecado mas tem consciência que o crime vem estragar a ordem. O caos está latente, pode sempre soltar-se a qualquer momento.
Eu penso que o caos e essa noite, a noite das feiticeiras, aquelas personagens todas macabras, também existem na Grécia. A Grécia não é só apolínea, é dionisíaca, e também tem aqueles deuses nocturnos……O que tem é tudo mais bem equilibrado, mais bem arquitectado.»
(...)
«Eu às vezes penso como é que é possível que o Mundo seja tão mal governado. É tudo advogados e economistas, pessoas que têm uma noção muito parcial da realidade muito desencarnada…»
tempos modernos I
agora, em espanha, o nº 3 do partido-sensação-putativo vencedor 2015, podemos, é acusado de ter para cima de 600 mil euros ganhos em consultoria politica e não fiscalizados. aliás, tributados pelo menor imposto, que é o que acontece quando se cria uma empresa de propósito para pagar menos. em vez de assumir, pedir desculpa, corrigir o erro e prometer não repetir, o homem e o seu partido-revelação negam, refutam e sublimam.
até parece que a bosta é sempre igual, só mudam as moscas...
vamos lá a ver:; não há complô nenhum, nem mesmo se os media que denunciam são 'do arco do poder'. há histórias mal contadas em que simplesmente os factos saem da gaveta gritando por uma explicação verosímil à luz do dia.
não adianta assobiar, chamar nomes ou puxar cabelos.
agora, em espanha, o nº 3 do partido-sensação-putativo vencedor 2015, podemos, é acusado de ter para cima de 600 mil euros ganhos em consultoria politica e não fiscalizados. aliás, tributados pelo menor imposto, que é o que acontece quando se cria uma empresa de propósito para pagar menos. em vez de assumir, pedir desculpa, corrigir o erro e prometer não repetir, o homem e o seu partido-revelação negam, refutam e sublimam.
até parece que a bosta é sempre igual, só mudam as moscas...
vamos lá a ver:; não há complô nenhum, nem mesmo se os media que denunciam são 'do arco do poder'. há histórias mal contadas em que simplesmente os factos saem da gaveta gritando por uma explicação verosímil à luz do dia.
não adianta assobiar, chamar nomes ou puxar cabelos.
domingo
decidiu que doravante ia ser elx, mais elx e o mundo que se dane.
pois que se esparrame nas dores cruzadas, sofrimentos alheios e nas polémicas dos outros. decidiu também que nunca mais - tanto quanto nunca mais existe - as coisas seriam se não da sua forma, do seu modo de fazer próprio. foi um grito-mudo-de-ipiranga. um parágrafo às concessões, tolerâncias, satisfações e problematizações.
e aí começou a domingar.
sexta-feira
segunda-feira
por elas, pelas outras, por aquelas que não falam, por nós, pelas que virão, pelas que nunca tiveram consciência, pelas que se foram por ter toda a consciência, pelas mulheres do mundo inteiro, pobres e ricas, cultas e analfabetas, orgulhosas e deprimidas, lindas e feias, boas e más, dondocas e proletárias, putas e freiras, cidadãs e ácidas, joviais e velhas, daqui e de longe, de hoje e de sempre,... e por estas:
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