quinta-feira

não me canso de ouvir marlango

"The more you see, the more I hide,
The more I show, the more I lie.
But I´m twisted and sick, so that's fine with me
"

aqui toda a letra de Twisted & Sick (Automatic Imperfection);
video-clips da banda ali
e prosas avulsas sob o tema "aprender a comportar-se em público" (?!)no site


quarta-feira

o dilema das ausências

desconhecer os motivos de alguém que 'desaparece' e não encontrar explicação para isso
ou
saber por que alguém 'desaparece' e sentir a obrigação de manter o segredo...


...não sei o que é mais difícil

segunda-feira

obrigada, Isabel

Isabel Coixet (na foto, com Antony) fez os melhores filmes que vi nos últimos tempos: "A vida secreta das palavras" e "A minha vida sem mim". O seu universo é particular, sensitivo, sofrido - curioso para quem fez carreira na publicidade, como directora criativa. Coixet é uma criadora nitidamente europeia (catalã) e universal.
Em "A vida secreta das palavras", o tema - se é que há tema, diz ela - "é o passado. Como sobreviver a ele, como superá-lo, como conviver com ele no presente, como é possível esquece-lo de todo. Também o eterno conflito entre cinismo e idealismo. Entre a força do desejo e a esperança, e a crua realidade".
A banda sonora é incrível na sintonia das emoções. Antony & the Johnsons [aqui com You are my sister] marca o filme todo(vale a pena ler o relato do encontro da realizadora com o músico-'gémeo').

[Isabel Coixet realizou também "A los que aman" (1998);"Cosas que nunca te dije" (1996)e "Demasiado viejo para morir joven" (1988)]

a minha vida sem mim*

ela chama-se Ann e - como tu dirias, Ana - este é um filme brutal.
inclassificável, triste, vital...
depois de o ver é preciso andar um bom bocado a pé, sem destino.
deseja-se que faça frio e chova
e tem-se a ânsia de voltar atrás para revê-lo:
é preciso anotar cada frase ou cada visão.
"a minha vida sem mim": não é possível ficar-lhe indiferente.
Ann prepara cuidadosamente a vida sem ela, uma despedida que ninguém percebe, a não ser nós, tudo com um rigor inaudito.
Ann decobre que se desabituou de pensar.

Ann sabe que não há pessoas normais.
...que os mortos não têm saudades
...os sonhos não podem ser desmentidos
...as crianças têm o direito a fantasiar
...há rebuçados muitos bons, de gengibre, que aplacam a dor
e se a vida se apaga, a vida continua.
e é preciso apaixonarmo-nos, mesmo continuando a amar.
acontece em todo o lado. aqui mesmo.

"My life without me" tem uma fabulosa Sarah Polley, Mark Ruffalo, Deborah Harry (ex-Blondie), Maria de Medeiros e uma sedutora Leonor Watling.
é uma produção espano-canadiana, com argumento e realização de Isabel Coixet.
*[ainda está por aí, nos cinemas]

marketing gay

há um marketing específico para a comunidade gay e lésbica?
porque não? e quanto vale?
A Witeck-Combs Communications diz-se pioneira neste campo e vai agora apoiar a Wal Mart. Depois de se ter convertido aos produtos biológicos, que nos EUA justificam uma procura crescente que o mercado não pode ignorar, a Wal-Mart - o maior retalhista alimentar do mundo - procura agora desenvolver uma estratégia específica para atrair os consumidores da comunidade LGBT (como explica a Ad Age e noticia hoje o DN)


sincericidio

Maitena, a autora da série de BD "Mulheres Alteradas", editada em livros e publicada na revista Pública aos domingos, é uma daquelas personalidades fascinantes relativamente às quais conhecer o seu percurso pessoal ajuda a compreendermos melhor o seu trabalho e, neste caso, o seu humor.
Maitena explicou o essencial das "mulheres alteradas" numa entrevista ao The New York Times, em 2004:
"Para mí, una mujer alterada es aquella que libra las mismas batallas día tras día y sin descanso. Luchamos en el trabajo, con los hombres, nuestro cuerpo, los amigos, las madres… toda una serie de cosas que irremediablemente nos alteran y nos llevan a un estado en el que se pasa de la euforia a la depresión profunda en apenas 15 minutos".

Mais recentemente, numa entrevista ao El Mundo fala sobre a verdade. Por exemplo, a verdade que mais alegria lhe trouxe: "Que a vida começa aos 40!" [Maitena é da colheita de 62]
Confessa que tem tendência para querer chegar ao fundo das coisas (como quando aos 17 anos começou a trabalhar e descobriu o que se passava no seu país, a ditadura militar) e que herdou da mãe algo a que o marido chama de sincericidio:
"que é uma mescla de sinceridade e suicídio, e que às vezes se parece perigosamente com a maldade" mas não o é: "é uma incontinencia do inconsciente, o que também não é propriamente uma boa notícia", reconhece.

sincericidio: pode a sinceridade ser suicidária?

sexta-feira

é possível reaprender a viver?

é talvez a notícia simultaneamente mais chocante e optimista que encontro hoje numa revista de imprensa (vem no DN).
uma miúda austríaca desaparecida a caminho da escola, quando tinha dez anos, foi encontrada agora, oito anos depois!
não sei se alguma vez saberemos o que se passou neste tempo todo...
não consigo imaginar o que sentirão os pais, ela, a polícia, a comunidade...
todos, ao que parece, depois de confirmarem a certeza da identidade da jovem, vão ter de "reaprender a viver".
não há cartilha para isso.

viver a gosto em setembro


no primeiro fim-de-semana de setembro, regressam os concertos (gratuitos!) à zona da Torre de Belém, às 22horas.

promete-se música eclética nos estilos, mas sempre com sinfónicas:
Carlos do Carmo e Camané, sábado
De Weasel, no domingo
é aproveitar...

quinta-feira

a vida normal

o título é plagiado de uma crónica publicada hoje no Público - infelizmente sem link. assina-a Carla Machado, professora universitária. começa assim:
"Todos passamos a vida a desejar a vida que não temos."
E, mais à frente, o fundamental:
"Só quando somos roubados ao quotidiano que tanto maldissemos damos conta do tempo que perdemos nos lamentos".

não é uma tese original, mas está muito bem explicada, de tão simples que é.
a autora conta que há uns tempos foi-lhe diagnosticado um tumor, numa consulta supostamente de rotina. só 24 horas depois soube que era benigno. e a crónica narra como, no entretanto, foi possível ter saudades da "vida normal:trabalhar, ir ao cinema, abraçar quem amo, rir-me das pequenas parvoices do quotidiano" (...).
Porque, "a vida normal está aqui mesmo ao lado. E aposto que Bora-Bora tem imensos mosquitos."
aposto que tem mesmo.

síndroma pós-férias

...se fosse traduzível, seria mais ou menos assim.
é coisa que investigadores espanhóis analisaram e faz correr muita tinta...

só sei que me atacou. mas não sou a única: instala-se num terço da população!
um não sei quê de preguiça, uma vaga de procrastinação, o demorar duas vezes mais tempo a fazer qualquer coisa e, outra vez, um marasmo...(no meu caso, junto-lhe o riso, o disparate, a alegria)

os peritos aconselham a que não se recomece o trabalho a uma segunda-feira - o que, sem o saber, fiz. recomendam que se passe uns dias no habitat usual para ambientação - o que fiz.

mas nem assim fui poupada ao mal 'pós-férias'.
parece que só dura uma semana (dizem eles) - isso, é o pior! só uma semana??!
...
e não tem remédio!!
mas recomenda-se afogá-lo em cerveja (?!?)

quarta-feira

irrefutável

quando não se tem o que se quer,
resta querer o que se tem.

ou será...

se não possuo o que desejo,

desejo o que possuo?




violência 'doméstica'

... é imprescindível ler este post.
dizer de nossa justiça. e acabar com ela.

terça-feira

uma rapariga que ninguém gosta(ria) de ver partir



[pois! não há link das melhores fotos dela; também só agora chegou ao cinema...]

viver a gosto em lisboa

agosto na cidade é um gosto... com lugares para estacionar, saldos para torrar poupanças, cinemas quase vazios, esplanadas a chamar por nós, enfim, um destressar devagarinho a questionar porque há tanta gente na cidade vegetando o ano inteiro...?!

a partir da próxima sexta-feira, a baixa e o chiado têm mais um atractivo. a autarquia e o turismo dão música com o 1º Festival Happy Jazz 2006 (25, 26 e 27 agosto).

daqui a um mês (29 de setembro a 1 de outubro), é a vez do Lisboa Dança 2006 - praticamente todos os tipos de dança são apresentados em diversos palcos da baixa e chiado, num convite ao público para que dê um pé de dança...

segunda-feira

"as filhas do botânico"





"Les filles du botaniste", ainda em exibição por aí (numa sala quase vazia) é um daqueles filmes que corre o risco de 'passar ao lado' de quem gosta de boas histórias e de cinema (sai em DVD em Novembro).
Produção franco-canadiana, este filme tem a mais bela fotografia para a mais comovente das histórias (de 'amor proibido'), num décor deslumbrante, com banda sonora adequada e sublime...

lindo, lindo - lindo e triste.

a legitimação da desigualdade, na lei?

A Lei da Paridade está publicada em Diário da República.
A partir de agora terá de haver candidatos dos dois sexos nas listas eleitorais, sendo que um deles (!) têm de ter uma representação de, pelo menos, 33,3%.
Adivinha-se qual é.

sobrevivência


Folhas de tabaco ao amanhecer.
Uma mulher colhe folhas de tabaco ao amanhecer, na vila de Kumuniga, mais de 200 quilómetros a sudoeste da capital búlgara, Sófia, onde o tabaco é o sustento de muitas famílias. Foto: Petar Petrov/AP n- in Público on line

[Parece que há um problema com o fruto do trabalho desta mulher...]

ninguém gosta


... de deixar os lugares onde (se) foi feliz.
mas há uma réstia de motivação em procurar outros, para sê-lo outra vez. sem deixar de ser.

não sabemos que uso Deus deu à segunda-feira, a seguir ao dia em que descansou. mas talvez não haja outro dia mais apropriado para (re)começar.



domingo

...

dou uma vista de olhos por aí e descubro uma palavra-muleta a ser abusada.
veja-se:


gente sem-abrigo, imigrantes sem-papéis, espaço sem fumo, cerveja sem álcool, café sem cafeína, camponeses sem terra, médicos sem fronteiras, redes sem fios, ruas sem segurança, incêndios sem fim, chineses sem água potável, trabalhadores sem emprego, guerra sem tréguas...
estava SEM assunto, fiquei SEM pachorra.

sábado

yo donna

já o disse: gaja, que é gaja, gosta de revistas. eu gosto. e descobri recentemente a que sai com el mundo, ao sábado (€ 1,20).
é, provavelmente, a melhor. traz sempre uma série de artigos interessantes: crónicas, reportagens (empreendedoras; apontamentos de viagem,...), histórias em série (o século das mulheres; mulheres com poder), moda, estética, música, cozinha, livros, pequenas notícias.
uma das secções mais originais chama-se 'assim falam as mulheres/tertúlia'. é muito simples: quatro mulheres à volta de uma mesa falam, com conhecimento de causa, sobre um tema. numa semana foi: "por fin solas! Y entonces...?"; noutra semana, outras quatro, conversam sobre "qué vida nos espera despues de los 40?", e por aí fora... o que se lê é a transcrição dessa tertúlia, com fotos das participantes.
este sábado, a tertúlia é sobre "homosexualidad feminina: por qué nos cuesta tanto salir del armário?" (sem link).

pergunto outra vez: porque não temos revistas assim em Portugal?

sexta-feira

mujeres

do resto da ibéria, de distintas regiões, três cantoras a escutar...
no flamenco - e não sou fã do género - o último da bela
Estrella Morente, Mujeres; atente-se em Volver (do novo flme de Almodovar) ou o clássico Ne me quittes pas (com maravilhoso sotaque).
Chambao, grupo que recria o espírito do flamenco, também justifica a atenção do ouvido.
e a mais fresca de todos...
El sueno de morfeo, a banda asturiana grande revelação do ano.

... felizes dos que têm gente desta para juntar a Oreja de Van Gogh, Ana Torroja (ex-Mecanno) ou Bebe.
hay que disfrutalas!

os amantes regulares*

de filmes, normalmente só falo dos que gosto. e, se escrevo, é por aqui ou por ali, porque me toca.
gosto de muito de cinema. não sou propriamente esquisita, quando vejo. também é raro ir ao completo engano. mas lá acontece. e este filme é um enfado, um desconforto, uma estucha! (como aqui se narra)
Truffaut e Godard, genuínos,tiveram o seu tempo. passou. algo deles é intemporal, mas não os pretensos remakes.

*que belo título, tão mal empregado!

quinta-feira

o homem das "mulheres"

O guionista de "Donas de Casa Desesperadas" é retratado no último El País Semanal.
Marc Cherry fala sobre o seu destino, a sua homosexualidade, a série que criou e o futuro. Explica, por exemplo, que a ideia nasceu a partir de outra série,"O sexo e a cidade" mas para dar uma perspectiva mais obscura da vida de quatro mulheres.


« Se declara fan de Pedro Almodóvar, y medita cuando se le indica que Almodóvar, homosexual, es admirado por su capacidad para retratar la mente de las mujeres, igual que Darren Starr, homosexual, creador de Sexo en Nueva York… 'Creo que hay una razón. La ventaja de ser homosexual es que cuando me siento a hablar con una mujer no me pongo a pensar de qué manera me puedo ir a la cama con ella. Eso libera mi mente y me permite tratarla como un ser humano. A mí me da exactamente igual el atractivo que pueda tener una mujer. Me gusta que sean inteligentes y divertidas. Tengo la impresión de que las mujeres son mucho más abiertas conmigo que con cualquier hombre heterosexual'».

Praticamente um desconhecido há dois anos, então desempregado e cheio de dívidas, Marc Cherry é agora considerado pela revista Time uma das personalidades mais influentes do mundo.

let's dance



é quando Setembro acaba,
falta mais de um mês,
será num sábado,
está a ser promovida por

liquidificador de dúvidas

toda@s, nalgum momento, precisamos de um.
deve ser um aparelho mais ou menos como este, mas adaptado a coisas voláteis, como são as dúvidas. talvez tenha levado à 'invenção' dos blogs: tal como eles, não é vital mas dá jeito.


por via das dúvidas, aqui se certifica que tudo o que se expõe neste espaço, não tem a ver com a minha vida porque, "a mais verdadeira, é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique."

[ Clarice Lispector dixit ]


isto não é um confessionário, não conheço padres, nunca fui ao psicanalista, nem tive um diário. isto é só um liquidificador de dúvidas.

terça-feira

da timidez absoluta


"As mulheres têm todas um ponto do corpo, um recanto da cidade, uma hora do dia, que são nelas como que uma porta secreta, pela qual podem sair de si próprias, da sua timidez, e penetrar em toda a espécie de loucuras, graves ou veniais."

in "GRANDE AMOR", Erik Orsenna (Ed. Difel)

na banda sonora de verão

Belle&Sebastian, tudo desde "Tigermilk",The state I am in...
Camera Obscura: Let's get out of this country
[os dois grupos de Glasgow tocam junto, em Edimburgo, a 27 de Agosto]
Nouvelle Vague, Bande à part Ltd Edition
La oreja de Van Gogh, Guapa
Pet Shop Boys, Fundamental

segunda-feira

o melhor das férias...

... tudo o que excede as expectativas, mesmo quando negamos tê-las - a surpresa, o inusitado.
o espanto dos lugares, o verde inteiro, o mar infindo, o azul instável, o cinzento da pedra, a clareza do luar, e o resto:
a nossa pequenez, a relatividade das coisas, o grandeza no horizonte.
não ter rotinas, se não o fluir de outro tempo noutros hábitos; a entrega ao Gran
de amor, dele , tão adiado, díficil e lindo em cada expressão; o encontro casual com o Diccionario de los sentimientos, que ensaia a cartografia das almas; a revelação do poder do azabache; a simbologia celta do trisquel; a modernidade e o passado, lado a lado, em fruição.
[cada tempo de pausa justifica mudança - e não o inverso.]


o pior das férias...

é, por exemplo, dar com uns seres que entram nos comments para espalhar spam.
e ter de gastar uma eternidade a limpar tudo, outra vez e outra vez... [só acontece a quem não acredita(va) em visitas indesejáveis, mesmo na blogosfera]

nostalgia