ela diz: limpa as lágrimas, levam tudo; para a frente é que é o caminho. coragem e saúde é o que é preciso.
ela é quem mais me preocupa. ela é hoje o que era suposto não ser, e ainda assim, não podia ser melhor. amo-a tanto que temo que quebre a cada precalço meu. e ela mantém-se segura e sábia, solícita sempre. não vivo a vida dela e há algum azedume que não queria de todo experienciar. mas entendo-a. talvez não me tenha legado nenhum, e bem que me faz falta.
acudiu-me quando precisei e salvou-me num reflexo [que só elas têm] quando podia ter-me ido. já lá vão uns anos e nunca me esquecerei do desespero que lhe li então na carne. e foi o pavor, que só acontece quando se pressente a morte ou uma tragédia maior, que então me resgatou in extremis.
haverá mais coisas que tenho para lhe agradecer, nunca explicitamente, não com palavras, sequer com gestos - sempre parcos. o que mais posso dar-lhe é atenção e respeito, e uma sanidade que procuro exaustivamente. ela não precisa de ralações. ela é de paz, mesmo quando esbraveia.
um dia ela vai faltar-me, a menos que eu falte primeiro. seria uma dor de alívio para mim. um desgosto mortal para ela. e nesta hesitação, sobrevivemos.
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