diz-se que os olhos são o espelho da alma. dizem que brilham, aguados, os meus.
a miúda virou-se para a mãe e perguntou-lhe porque tinha os olhos assim...?ela ficou na dúvida e pôs a mão na testa. não havia sinal de febre, nem lágrimas ameaçando, só o olhar do costume.
perguntou à amiga se os olhos estavam mais brilhantes que o habitual. S. disse que não, iguais a sempre, brilhantes sim.
os olhos são o espelho da alma. e, se bem que, às vezes, os olhos se escondam, terem ou não brilho depende da natureza do ser. as almas translúcidas, os corações sinceros, os corpos disponíveis, as pessoas solidárias, os seres de compaixão, têm olhos que brilham. podem ser verdes, azuis, amêndoa, castanhos, pretos. os olhos espelham as luas cheias e o íntimo de quem os veste. os olhos só mentem na medida em que se escondem. na proporção do abismo que criam entre o que fazemos e o que pensamos fazer. entre o que sentimos e pensamos, e o que agimos. só a descompensação da coerência torna os olhos opacos. os olhos não mentem. quando muito omitem. mas quem perde é o mentiroso. os olhos nunca vão conseguir omitir a verdade da alma. por mais lentes que se usem ou armações que se mudem, os olhos vigiam-nos por dentro e inelutavelmente conhecem o destino, antes da partida.na fuga do olhar presente-se apenas desorientação.
pelos olhos dos outros vejo: há tudo o que as palavras não mostram ou os gestos não dizem.
queria perder-me nos teus olhos, como outrora.
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