sexta-feira

episódio verídico

O taxista surpreendeu-se com a pressa da cliente em chegar.
Ela desculpou-se
- ...não está ninguém em casa.
Ele sorriu.
- então se não está ninguém em casa?!...
- ...pois. E alguém tem de estar para receber uma entrega.
O telemóvel toca, ela atende, pede que esperem 5' ou voltem daí a pouco.
O taxista acelera. Diz que sim, dá para chegar.
Depois começa a falar delas:
A mulher, a dele, levanta-se às seis para deixar os fatos dos filhos prontos, e fazer o almoço. Depois vai trabalhar para o supermercado, que fica na outra ponta da grande cidade, uns 20 kms ou mais. E, como é a gerente, abre o estabelecimento e fecha as caixas... um ror de horas.
O taxista lamenta a vida das mulheres, coitadas!, que trabalham tanto,
“e eu não posso fazer nada, vejo pela minha, dois filhos adultos em casa, mais que em idade de casar, e eles nada! E ela faz o almoço, o jantar, trata da roupa. Bem lhe digo que arranje uma mulher para ajudar, pelo menos uma vez por semana. Ela diz que não pode ser: lava e passa roupa todos os dias. Veja a senhora: ela faz uma máquina de roupa todos os dias. E eles não saem de casa, nem querem ouvir falar em casar, ‘tá quieto!
A vida das mulheres é muito mais trabalho, vejo pela minha. Quando sai mais tarde, lá a vou buscar. E, a esta hora, lá está ela em casa, à minha espera para jantar. Eu chego e, às vezes, nem falo - mas se não está ninguém em casa, nem quero saber de comer sozinho e vou ao restaurante. Depois vou-me sentar a ver um bocadinho de televisão. Mas ela, não. Continua a trabalhar, tem sempre que fazer".

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