very light!
...sem estrondo, mas com luz e perspicácia na direcção de uma vontade.
pela minha parte, há só aquela sensação de cansaço insuportável, a visão luminosa de um novo ser, o milagre da existência, a prova de que não há desertos, só oásis de felicidade. e o amor vive-se!
a ti, pequena, e a ti, grande m., desejo o melhor do melhor do mundo, porque ambas o merecem.
nunca esqueceremos a simplicidade desta madrugada de lua cheia - com tudo o que não é possível dizer.
AS MULHERES TÊM TODAS UM PONTO DO CORPO, UM RECANTO DA CIDADE, UMA HORA DO DIA, QUE SÃO NELAS COMO QUE UMA PORTA SECRETA, PELA QUAL PODEM SAIR DE SI PRÓPRIAS, DA SUA TIMIDEZ, E PENETRAR EM TODA A ESPÉCIE DE LOUCURAS, GRAVES OU VENIAIS.[Erik Orsenna]
sexta-feira
quarta-feira
terça-feira
pacotinho de pensamentos avulsos
fumar ou não fumar?!
- preferir os beedies, baratinhos, naturais e aromáticos
* * *
admirar o jardim dos vizinhos de frente
- continuar um canteiro doméstico de vasos e verdes para quebrar o vazio descolorido
* * *
"na busca da felicidade, persuadir o cérebro a tender para a esquerda"
- daniel goleman escreveu-o no NYT e, que se saiba, não é da política
* * *
ansiar moderadamente um fim-de-semana verdadeiro fim-de-semana
- esperar pacientemente a oportunidade
* * *
perceber que se nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que escurece é restolho
- e mesmo na terra batida de ninguém nascem grandes obras (veja-se berlin)
* * *
depois de um almoço cheio de trabalho, nunca ingerir uma bebida oferecida pela casa
- a confusão mental acentua-se e nem uma atenção redobrada esconde a desmotivação
* * *
camuflar o cansaço sem a menor noção de como se disfarça algo que se nos impõe
- acreditar que há sempre boas causas e causas boas para justificar o que fazemos bem
* * *
deixar um espaço vazio na ambição de vê-lo preenchido
- e sentir que apesar de haver um muro, ou precisamente porque existe, há algo para além dele
- preferir os beedies, baratinhos, naturais e aromáticos
* * *
admirar o jardim dos vizinhos de frente
- continuar um canteiro doméstico de vasos e verdes para quebrar o vazio descolorido
* * *
"na busca da felicidade, persuadir o cérebro a tender para a esquerda"
- daniel goleman escreveu-o no NYT e, que se saiba, não é da política
* * *
ansiar moderadamente um fim-de-semana verdadeiro fim-de-semana
- esperar pacientemente a oportunidade
* * *
perceber que se nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que escurece é restolho
- e mesmo na terra batida de ninguém nascem grandes obras (veja-se berlin)
* * *
depois de um almoço cheio de trabalho, nunca ingerir uma bebida oferecida pela casa
- a confusão mental acentua-se e nem uma atenção redobrada esconde a desmotivação
* * *
camuflar o cansaço sem a menor noção de como se disfarça algo que se nos impõe
- acreditar que há sempre boas causas e causas boas para justificar o que fazemos bem
* * *
deixar um espaço vazio na ambição de vê-lo preenchido
- e sentir que apesar de haver um muro, ou precisamente porque existe, há algo para além dele
segunda-feira
sophia
"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não. "
[penso sempre nela, e neste poema, quando t(r)emo ]
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não. "
[penso sempre nela, e neste poema, quando t(r)emo ]
sábado
ideias (baratas) para um fds
quinta-feira
só quero (bom) tempo
"Ai que prazer
não cumprir um dever.
(...)
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
(...)
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
(...)."
[Liberdade - Fernando Pessoa]
não cumprir um dever.
(...)
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
(...)
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
(...)."
[Liberdade - Fernando Pessoa]
quarta-feira
sábado
el amor todo (o casi todo) lo vence
"se nada tienes, poco puedes dar, y sólo eres capaz de entregar amor si previamente has podido generarlo en tu interior. lo que no es fácil, estoy de acuerdo. por esso hay tantos analfabetos emocionales"
charo izquierdo, carta de la directora - yo donna del siglo xxi/El Mundo (16.06.2007)
charo izquierdo, carta de la directora - yo donna del siglo xxi/El Mundo (16.06.2007)
histórias incríveis
... a de isabel llinás, deputada do PP nas baleares/espanha.
casou-se aos 19 anos, e forjou uma carreira profissional até chegar a dirigir vários hotéis da costa maiorquina. tinha reconhecimento profissional e independência económica, mas isso não foi bem aceite pelo marido. insultos e impropérios passaram a ser o seu dia-a-dia, que ela silenciava seguindo em frente. os filhos, então adolescentes, pediam-lhe que se separasse. ela conta que durante oito meses dormiu no sofá porque seria ele a ter de deixar a casa, que era dela. um dia, ele foi-se. a 4 de fevereiro de 2001 o então já ex-marido chega a casa dela armado com uma faca. puxa-a para fora e desfere-lhe 15 punhaladas! foi a filha do casal, então com 12 anos, que arrastou a mãe até à casa de banho, fechando-se lá dentro enquanto um primo, alarmado com os gritos, pedia ajuda. isabel esteve dois meses nos cuidados intensivos, perdeu o baço, a vesícula... mas sobreviveu. foi depois disto que o governo das baleares a convidou para dirigir o instituto balear da mulher. a sua valentia, força e excepcional capacidade de gestão acabam de valer-lhe o prémio Yo Donna de trabalho humanitário em 2007. hoje, esta mulher digna sorri na foto que acompanha a notícia no El Mundo deste sábado.
o drama da violência doméstica é transversal nas preocupações dos partidos políticos em Espanha. bem sei que cá o problema parece ter menor dimensão... ou menos visibilidade?
casou-se aos 19 anos, e forjou uma carreira profissional até chegar a dirigir vários hotéis da costa maiorquina. tinha reconhecimento profissional e independência económica, mas isso não foi bem aceite pelo marido. insultos e impropérios passaram a ser o seu dia-a-dia, que ela silenciava seguindo em frente. os filhos, então adolescentes, pediam-lhe que se separasse. ela conta que durante oito meses dormiu no sofá porque seria ele a ter de deixar a casa, que era dela. um dia, ele foi-se. a 4 de fevereiro de 2001 o então já ex-marido chega a casa dela armado com uma faca. puxa-a para fora e desfere-lhe 15 punhaladas! foi a filha do casal, então com 12 anos, que arrastou a mãe até à casa de banho, fechando-se lá dentro enquanto um primo, alarmado com os gritos, pedia ajuda. isabel esteve dois meses nos cuidados intensivos, perdeu o baço, a vesícula... mas sobreviveu. foi depois disto que o governo das baleares a convidou para dirigir o instituto balear da mulher. a sua valentia, força e excepcional capacidade de gestão acabam de valer-lhe o prémio Yo Donna de trabalho humanitário em 2007. hoje, esta mulher digna sorri na foto que acompanha a notícia no El Mundo deste sábado.
o drama da violência doméstica é transversal nas preocupações dos partidos políticos em Espanha. bem sei que cá o problema parece ter menor dimensão... ou menos visibilidade?
sexta-feira
outras nuances
quem ama pode até sofrer um tempo infindo,
mas deixa aberto o espaço de que o seu amor precisa
mas deixa aberto o espaço de que o seu amor precisa
quarta-feira
blog como testamento
..quando se faz um inventário do que pensamos, sentimos e fazemos.
ignorando polémicas e outras ‘coisas sérias’.
só para assuntos da postura na vida
primeiro, a consciência de ser mulher
a prepotência de um mundo competitivo e desigual, a mudar.
sobreviver e reunir as condições inerentes
depois, ser responsável por outros seres, que têm prioridade sobre tudo e o eu.
e ainda, a verdade de outras culturas, filosofias e modos de vida: a diversidade e a miscigenação são a verdadeira riqueza dos tempos.
o ioga, as filosofias, o auto-conhecimento.
o yin e o yang, a dialéctica em tudo.
a poesia e 'a revolução permanente'.
a (auto)crítica, a solidariedade.
os afectos, sempre, todos os dias.
a líbido, a lua, o mar, o prazer, o sol, o bem-estar.
ignorando polémicas e outras ‘coisas sérias’.
só para assuntos da postura na vida
primeiro, a consciência de ser mulher
a prepotência de um mundo competitivo e desigual, a mudar.
sobreviver e reunir as condições inerentes
depois, ser responsável por outros seres, que têm prioridade sobre tudo e o eu.
e ainda, a verdade de outras culturas, filosofias e modos de vida: a diversidade e a miscigenação são a verdadeira riqueza dos tempos.
o ioga, as filosofias, o auto-conhecimento.
o yin e o yang, a dialéctica em tudo.
a poesia e 'a revolução permanente'.
a (auto)crítica, a solidariedade.
os afectos, sempre, todos os dias.
a líbido, a lua, o mar, o prazer, o sol, o bem-estar.
segunda-feira
nem um post salva isto...
... bem ao contrário: só dá dimensão real à aridez.
nem me apetece pegar num daqueles escritos intelectuais em draft, nem sequer entrar em delírios libidinosos, para-sexuais.
a verdade é que está uma pasmaceira. suponho que meio mundo está de férias. o ritmo é lento, só há lugares vazios e vozes baixas, num local de trabalho que tendencialmente vive 'aos gritos'. suspendo as tarefas, páro num instante o trabalho fastidioso, única forma de não me passar para um 'sanatório cerebral". espreito blogs e sites de consulta (confirma-se o pior do diagnóstico)
apetece-me fazer trabalhos manuais! daqueles que nos prendem tanto que não sobra espaço para qualquer desconcentração. há ainda o ónus da organização, que faz com que tudo a seu tempo seja registado e calendarizado e trabalhado. e, como dizia o Eça, 'está um calor de ananazes'. só me apetece mergulhar. vou pôr isso na minha agenda, antes do completo shut down.
nem me apetece pegar num daqueles escritos intelectuais em draft, nem sequer entrar em delírios libidinosos, para-sexuais.
a verdade é que está uma pasmaceira. suponho que meio mundo está de férias. o ritmo é lento, só há lugares vazios e vozes baixas, num local de trabalho que tendencialmente vive 'aos gritos'. suspendo as tarefas, páro num instante o trabalho fastidioso, única forma de não me passar para um 'sanatório cerebral". espreito blogs e sites de consulta (confirma-se o pior do diagnóstico)
apetece-me fazer trabalhos manuais! daqueles que nos prendem tanto que não sobra espaço para qualquer desconcentração. há ainda o ónus da organização, que faz com que tudo a seu tempo seja registado e calendarizado e trabalhado. e, como dizia o Eça, 'está um calor de ananazes'. só me apetece mergulhar. vou pôr isso na minha agenda, antes do completo shut down.
domingo
manual de instruções (VI)
"olhem a vossa mente.
tem algum espaço por preencher?
a mente precisa de espaço vazio, para o silêncio.
só assim conseguimos ouvir."
tem algum espaço por preencher?
a mente precisa de espaço vazio, para o silêncio.
só assim conseguimos ouvir."
sábado
música para os meus ouvidos
condição prévia: ter orçamento.
prioridade: desfrutar ao invés de blogar ou trabalhar.
selecção (maturada) das próximas colheitas - alguém vai a todas?
15 de junho - culturgest lx -laurie anderson
25 de junho - alvalade lx - rolling stones
30 de junho - ccb lx- estrella morente
2 de julho - oeiras, jardim m. de pombal - gotan project
3 de julho - lisboa tejo- arcade fire
4 de julho - lisboa tejo - jesus and mary chain, clap your hands and say heah
5 de julho - lisboa tejo - scissor sisters
14 de julho - vimeiro - torres vedras - xutos + seal
15 de julho - oeiras casa de pesca - nouvelle vague
17 de julho - cccb lx - ivan lins & quinteto
20 de julho - alto da ajuda lx - mutantes, bebel gilberto, daniela mercury
21 de julho - alto da juda lx -carlinhos brown, lila downs, olodum
22 de julho - jardim casino estoril - norah jones
25 de julho - coliseu lx - aimee mann
27 julho - albufeira - nelly furtado
29 de julho - coliseu lx - ziggy marley "love is my religion"
2 de agosto - sudoeste - I'm from barcelona, camera obscura
5 de agosto - sudoeste - mika
15 de agosto - sagres surf - lily allen *
nota de rodapé: algumas datas foram (r)emendadas pós-post. as minhas desculpas.
prioridade: desfrutar ao invés de blogar ou trabalhar.
selecção (maturada) das próximas colheitas - alguém vai a todas?
15 de junho - culturgest lx -laurie anderson
25 de junho - alvalade lx - rolling stones
30 de junho - ccb lx- estrella morente
2 de julho - oeiras, jardim m. de pombal - gotan project
3 de julho - lisboa tejo- arcade fire
4 de julho - lisboa tejo - jesus and mary chain, clap your hands and say heah
5 de julho - lisboa tejo - scissor sisters
14 de julho - vimeiro - torres vedras - xutos + seal
15 de julho - oeiras casa de pesca - nouvelle vague
17 de julho - cccb lx - ivan lins & quinteto
20 de julho - alto da ajuda lx - mutantes, bebel gilberto, daniela mercury
21 de julho - alto da juda lx -carlinhos brown, lila downs, olodum
22 de julho - jardim casino estoril - norah jones
25 de julho - coliseu lx - aimee mann
27 julho - albufeira - nelly furtado
29 de julho - coliseu lx - ziggy marley "love is my religion"
2 de agosto - sudoeste - I'm from barcelona, camera obscura
5 de agosto - sudoeste - mika
15 de agosto - sagres surf - lily allen *
*smile
nota de rodapé: algumas datas foram (r)emendadas pós-post. as minhas desculpas.
lilith e o feminismo apocalíptico
tenho pena, muita pena, que é uma coisa terrível de se ter. mas além de mais numerosas e resistentes, somos melhores que eles - excepções também as há, como em tudo. somos mais sensíveis, mais tortuosas, mais inteligentes. somos o longo prazo mesmo quando se estampa na incomunicação diária. é mais fácil ouvir um homem dizer que aprendeu muito com as (suas) mulheres, do que o contrário. essa é mesmo a verdade.
depois, vem o determinismo: o da natureza, da fisiologia, do corpo. e não há mesmo nada que chegue a fazer frente a isso. provavelmente nenhuma mulher grávida teve 'desejos' - arranjou-os para ter aquilo que o estado social normal sempre lhe negou. é mais fácil ver um homem desmaiar com a imagem de sangue do que uma mulher que se defronta com isso ciclicamente. e se ela quer levar a sua avante, pois leva mesmo, ainda que ele(s) fique(m) com o ónus do sucesso. ninguém me tira isso da ideia - sim, também somos terrivelmente teimosas. (o que faz de mim, possivelmente, uma perigosa feminista).
há uma lilith em cada uma de nós, mesmo na virgem santíssima que engravidou sabe-se lá de quem, e fez o mundo engolir a patranha da fecundação pelo espírito santo - veja-se, é a fecundação in vitro avant la lettre, e ninguém reclama... é isso: há uma lilith em cada uma de nós e, agora às claras, assim se toma conta dos lugares académicos, das competências profissionais e junta-se isso tudo à amálgama de gestão de tempos e agendas complexas. eles mandam e governam, dissertam e debatem, mesmo se são incapazes de reagir ao óbvio com a elementar polidez humana ou de fazer o nó da gravata. nós temos mais que fazer: governar a casa, as crianças, os orçamentos, o emprego, as férias, as compras e toda a panóplia de estética de que é suposto preocupar-nos.
tenho pena deles, pois tenho. há um cristo ou um adão do paraíso em cada homem com que nos cruzamos. foram eles que inventaram uma eva para esconder a tal lilith. no lugar deles, talvez tivessemos feito o mesmo. mas isso não quer dizer que não tenha persistido uma lilith em cada uma de nós, não necessariamente em lua negra.
e, então, que vai ser deles? ou, como dizem os cientistas, qual o futuro do cromossoma Y?
depois, vem o determinismo: o da natureza, da fisiologia, do corpo. e não há mesmo nada que chegue a fazer frente a isso. provavelmente nenhuma mulher grávida teve 'desejos' - arranjou-os para ter aquilo que o estado social normal sempre lhe negou. é mais fácil ver um homem desmaiar com a imagem de sangue do que uma mulher que se defronta com isso ciclicamente. e se ela quer levar a sua avante, pois leva mesmo, ainda que ele(s) fique(m) com o ónus do sucesso. ninguém me tira isso da ideia - sim, também somos terrivelmente teimosas. (o que faz de mim, possivelmente, uma perigosa feminista).
há uma lilith em cada uma de nós, mesmo na virgem santíssima que engravidou sabe-se lá de quem, e fez o mundo engolir a patranha da fecundação pelo espírito santo - veja-se, é a fecundação in vitro avant la lettre, e ninguém reclama... é isso: há uma lilith em cada uma de nós e, agora às claras, assim se toma conta dos lugares académicos, das competências profissionais e junta-se isso tudo à amálgama de gestão de tempos e agendas complexas. eles mandam e governam, dissertam e debatem, mesmo se são incapazes de reagir ao óbvio com a elementar polidez humana ou de fazer o nó da gravata. nós temos mais que fazer: governar a casa, as crianças, os orçamentos, o emprego, as férias, as compras e toda a panóplia de estética de que é suposto preocupar-nos.
tenho pena deles, pois tenho. há um cristo ou um adão do paraíso em cada homem com que nos cruzamos. foram eles que inventaram uma eva para esconder a tal lilith. no lugar deles, talvez tivessemos feito o mesmo. mas isso não quer dizer que não tenha persistido uma lilith em cada uma de nós, não necessariamente em lua negra.
e, então, que vai ser deles? ou, como dizem os cientistas, qual o futuro do cromossoma Y?
sexta-feira
coisa de artistas
«Pense com os Sentidos, Sinta com a Mente»
lema/tema da bienal de veneza. cujo director disse também: «Os conservadores estão nervosos porque não há um centro e não sabem onde ir buscar toda a informação. A resposta é que não vão encontrar toda a informação se a procurarem num único sítio».
o que, parece-me,... faz todo o sentido, em todos os sentidos e qualquer lugar.
lema/tema da bienal de veneza. cujo director disse também: «Os conservadores estão nervosos porque não há um centro e não sabem onde ir buscar toda a informação. A resposta é que não vão encontrar toda a informação se a procurarem num único sítio».
o que, parece-me,... faz todo o sentido, em todos os sentidos e qualquer lugar.
fernanda abreu / garota suingue sangue bom (II)
noite nota dez, disse ela. mas eu dobro! foi fenomenal em palco. só falta que na casa da música do porto, dia 9/sábado, se faça a mesma festa.
fernanda abreu, mal e pouco conhecida em portugal, é ...muito boa onda! impossível não receber o tom positivo que ela põe na actuação, nas letras, na forma de estar. é das experiências mais fortes, mais electrizantes, mais dançantes, daquelas que tem tudo para nos (en)levar a dois passos do paraíso - onde vale tudo: o funk, o samba, o hip hop, o reggae, a denúncia, a dignidade. e ela está desafiante, vivíssima, 'gostosa'. custa a crer que ela se aproxima dos 46 anos... quem diria! uma força da natureza. o céu pode esperar:
«Fazer o que se quer nem sempre é possível
o poder é relativo,nunca é cedo ou tarde
na vida cada um se vira como pode
e no final não existe julgamento pra nada
A hora, um dia, eu sei que vai chegar
no céu entrarei navegando pelo mar
então me lembrarei da vida aqui na terra
e verei que na verdade do mundo nada se leva
(...)
Só que ainda estou aqui, ainda vivo com pressa
os filhos, os amigos, o amor é o que interessa
se a vida é muito curta, eu quero aproveitar
e é por isso que eu digo: o céu pode esperar»
[parabéns ao promotor LM que teve a coragem de pôr esta mulher num palco português para uma noite excepcional.]
fernanda abreu, mal e pouco conhecida em portugal, é ...muito boa onda! impossível não receber o tom positivo que ela põe na actuação, nas letras, na forma de estar. é das experiências mais fortes, mais electrizantes, mais dançantes, daquelas que tem tudo para nos (en)levar a dois passos do paraíso - onde vale tudo: o funk, o samba, o hip hop, o reggae, a denúncia, a dignidade. e ela está desafiante, vivíssima, 'gostosa'. custa a crer que ela se aproxima dos 46 anos... quem diria! uma força da natureza. o céu pode esperar:
«Fazer o que se quer nem sempre é possível
o poder é relativo,nunca é cedo ou tarde
na vida cada um se vira como pode
e no final não existe julgamento pra nada
A hora, um dia, eu sei que vai chegar
no céu entrarei navegando pelo mar
então me lembrarei da vida aqui na terra
e verei que na verdade do mundo nada se leva
(...)
Só que ainda estou aqui, ainda vivo com pressa
os filhos, os amigos, o amor é o que interessa
se a vida é muito curta, eu quero aproveitar
e é por isso que eu digo: o céu pode esperar»
[parabéns ao promotor LM que teve a coragem de pôr esta mulher num palco português para uma noite excepcional.]
PS - 10/6/007, na rtp2, fernanda abreu em entrevista
Prefere perguntar a fazer panfletarismo - se pergunto, as pessoas sempre pensam na resposta...; a riqueza da língua portuguesa cantada com todos os sotaques - para quê o inglês?! temos de ajudar os homens, que andam meio perdidos, com o que aconteceu às mulheres nos últimos 50 anos...; o brasil é uma mistura, da favela ao asfalto, a mistura é que é interessante! gilberto gil como ministro da cultura tem o mérito de lhes fazer ver que cultura é vantagem, mesmo para a economia; sempre andei em escolas públicas, para mim é natural a diversidade; e sim, sou pelo direito ao aborto, pelos gays, pela pan-sexualidade, pela despenalização das drogas leves. ah! e não adianta ser negativo/a. Lúcida e inteligentíssima, esta mãe de dois filhos... (Madonna fica a milhas desta mulher, mesmo em palco.)
quinta-feira
para a t., com amor
o do nascimento, é o primeiro. depois, na vida de uma mulher, há outros dias que marcam. desiguais de todos os outros, sendo imprevisível medir o impacto que têm nas nossas vidas.
é físico, é visceral. nisso, somos todas iguais. não interessa o carácter, nem a cor de pele, nem a cultura, nem o berço, nem a vida que levamos depois. somos-todas-iguais! esse dia chegou para ela e trouxe-lhe um 'pânico' contido, um inconformismo tenso, um não-sei-quê de estranho, talvez uma raiva inexplicável. lembro-me bem quando aconteceu comigo, do tempo que fazia, como eram as rotinas, o medo que se entrepôs.
por muito que tentemos prevenir, nada substitui a experiência. e nada é como dantes. vivemos assim longos e longos anos. dias que marcam para sempre, cadencialmente. e não há nada a fazer.
é físico, é visceral. nisso, somos todas iguais. não interessa o carácter, nem a cor de pele, nem a cultura, nem o berço, nem a vida que levamos depois. somos-todas-iguais! esse dia chegou para ela e trouxe-lhe um 'pânico' contido, um inconformismo tenso, um não-sei-quê de estranho, talvez uma raiva inexplicável. lembro-me bem quando aconteceu comigo, do tempo que fazia, como eram as rotinas, o medo que se entrepôs.
por muito que tentemos prevenir, nada substitui a experiência. e nada é como dantes. vivemos assim longos e longos anos. dias que marcam para sempre, cadencialmente. e não há nada a fazer.
quarta-feira
estados d'alma (III)
há dias assim, em que não se consegue perceber onde começa a dor, se no corpo se na alma, se no espírito que vagueia. reconhece-se tristeza, cansaço, preocupação. é uma exaustão perpendicular ao ser.
sentem-se pequenos golpes no coração selados com pensos rápidos incolores, conversas afectivas e algum álcool à mistura.
seguem-se horas maceradas de sono e um acordar massacrado.
o dia seguinte retoma um estilo de vida 'à bombeiro":. socorro aqui, apoio ali, tarefas e encruzilhadas de agenda, numa enorme desarrumação contra-natura. e... sobreviver!
[por isso, apesar de não ser propriamente o tal dia-sim:) não posso esquecer o conselho: "primeiro, agora.agora vou..."]
sentem-se pequenos golpes no coração selados com pensos rápidos incolores, conversas afectivas e algum álcool à mistura.
seguem-se horas maceradas de sono e um acordar massacrado.
o dia seguinte retoma um estilo de vida 'à bombeiro":. socorro aqui, apoio ali, tarefas e encruzilhadas de agenda, numa enorme desarrumação contra-natura. e... sobreviver!
[por isso, apesar de não ser propriamente o tal dia-sim:) não posso esquecer o conselho: "primeiro, agora.agora vou..."]
terça-feira
pecadora confessa
expõe-se a gente demasiado num blog que se rega todos os dias que apetece. muito mais se despe a gente nos gestos do dia-a-dia. tod@s somos sobreviventes, que as leis da vida não discriminam género.
bate então a dúvida de quanto vale retrair o impulso. e umas vezes a cabeça pede uma trégua, outras o querer não leva a melhor sobre o vício. pode ser o de postar, ou de espreitar outros, ou de comentar. há questões de sanidade que me fazem passar ao largo de certos lugares outrora visitados. ou porque aí se escreve para provocar efeito, ou por que se escreve a representar, ou porque se escancara a vidinha toda despudoradamente. ora porque nos falta tempo e pachorra para tanta conversa fiada. é realmente uma canseira escolher (o registo). mais saudável é ignorar. faça-se o mesmo com este espaço, pois há tanta coisa para lá da internet, bem mais palpitante que as confissões públicas.
já agora: serão os blogs os novos autos-de- fé da religião cibernaútica?
bate então a dúvida de quanto vale retrair o impulso. e umas vezes a cabeça pede uma trégua, outras o querer não leva a melhor sobre o vício. pode ser o de postar, ou de espreitar outros, ou de comentar. há questões de sanidade que me fazem passar ao largo de certos lugares outrora visitados. ou porque aí se escreve para provocar efeito, ou por que se escreve a representar, ou porque se escancara a vidinha toda despudoradamente. ora porque nos falta tempo e pachorra para tanta conversa fiada. é realmente uma canseira escolher (o registo). mais saudável é ignorar. faça-se o mesmo com este espaço, pois há tanta coisa para lá da internet, bem mais palpitante que as confissões públicas.
já agora: serão os blogs os novos autos-de- fé da religião cibernaútica?
segunda-feira
materialista me confesso
preciso de um adiantamento para um cambio de piel.
bem sei que o dinheiro não traz felicidade, mas ajuda e muito.
no caso presente, tornou-se praticamente vital.
eu quero uma 'chica' que me fascinou domingo à tarde.
ela tem um preço que eu não posso pagar de imediato.
vou intimar quem de direito a adiantar-me o que preciso.
nunca imaginei chegar ao ponto de depender de uma aquisição.
mas há coisas piores....
mesmo para quem não percebe nada de artes plásticas.
porque afinal se gosta ou não se gosta. e há algo mais simples que isso?!
PS - claro que na melhor companhia, a coisa torna-se absolutamente deliciosa.
bem sei que o dinheiro não traz felicidade, mas ajuda e muito.
no caso presente, tornou-se praticamente vital.
eu quero uma 'chica' que me fascinou domingo à tarde.
ela tem um preço que eu não posso pagar de imediato.
vou intimar quem de direito a adiantar-me o que preciso.
nunca imaginei chegar ao ponto de depender de uma aquisição.
mas há coisas piores....
mesmo para quem não percebe nada de artes plásticas.
porque afinal se gosta ou não se gosta. e há algo mais simples que isso?!
PS - claro que na melhor companhia, a coisa torna-se absolutamente deliciosa.
domingo
s.o.s.
onde estás?!
tomei nota da canção, dos girassóis e dos detalhes...
(sabes que esta noite mesmo comprei um girassol? anda vê-lo, please... 3º esq.)
mas onde estás, irmã de alma?
e será justo?
por tlm, mail, sms, msn, commment ou frente-a-frente, sabes onde estou. solta os subentendidos sff.
perfect day - lou reed
Post Scriptum
[ estava lua cheia e ambas sabemos o que ela faz. amanhã, como dizes, tudo estará de novo no caminho. beijos]
tomei nota da canção, dos girassóis e dos detalhes...
(sabes que esta noite mesmo comprei um girassol? anda vê-lo, please... 3º esq.)
mas onde estás, irmã de alma?
e será justo?
por tlm, mail, sms, msn, commment ou frente-a-frente, sabes onde estou. solta os subentendidos sff.
perfect day - lou reed
Post Scriptum
[ estava lua cheia e ambas sabemos o que ela faz. amanhã, como dizes, tudo estará de novo no caminho. beijos]
rumos
ela enunciou os factos ou contou a novidade, não sei bem qual foi a ordem...
a cada sete anos a vida muda(-se-me), disse G.
e ainda bem. porque a alteração segue sempre num sentido melhor. e como amiga, só lhe desejo bem. nem sempre a mudança é explícita, mas é sempre progressiva.
fartos de terra-queimada andamos todos. às vezes, o chão é agreste e o ambiente pesa enormidades.
é então urgente que um destino se meta no nosso caminho, mesmo que seja a fazer agulha para o desconhecido.
a cada sete anos a vida muda(-se-me), disse G.
e ainda bem. porque a alteração segue sempre num sentido melhor. e como amiga, só lhe desejo bem. nem sempre a mudança é explícita, mas é sempre progressiva.
fartos de terra-queimada andamos todos. às vezes, o chão é agreste e o ambiente pesa enormidades.
é então urgente que um destino se meta no nosso caminho, mesmo que seja a fazer agulha para o desconhecido.
objectos de culto
há tempos que queria escrever sobre eles. não mudam com os anos. são poucos. permanentes. coerentes.
os meus 'objectos de culto' fazem-me perder a cabeça na proporção directa da acessibilidade financeira. que é limitada, contingencial.
budas, pequenos de preferência.
espanta-espíritos, de som madeirado.
ampulhetas, de todos os calibres.
caixas de música, escassas porque caras.
linhos, raros e despojados.
frutas suculentas, vermelhas, marfim, estranhas
plantas, pedras, madeiras... conchas do mar
e livros, muitos livros, tantos livros! traiem-me com a sensação de que nunca os lerei todos. mas preciso deles perto de mim. não necessariamente best-sellers, nem nobels, nem os clássicos. os que fazem o meu caminho, os autores do coração, as histórias que marcam os dias, os estilos de escrita que ensinam a perceber melhor a vida.
pegar num livro, naquele livro preciso, e visitar aquela frase, perceber que se fez luz e foi simples compreender.
não compreender é que é incompreensível. sempre foi. nunca deixará de ser.
os meus 'objectos de culto' fazem-me perder a cabeça na proporção directa da acessibilidade financeira. que é limitada, contingencial.
budas, pequenos de preferência.
espanta-espíritos, de som madeirado.
ampulhetas, de todos os calibres.
caixas de música, escassas porque caras.
linhos, raros e despojados.
frutas suculentas, vermelhas, marfim, estranhas
plantas, pedras, madeiras... conchas do mar
e livros, muitos livros, tantos livros! traiem-me com a sensação de que nunca os lerei todos. mas preciso deles perto de mim. não necessariamente best-sellers, nem nobels, nem os clássicos. os que fazem o meu caminho, os autores do coração, as histórias que marcam os dias, os estilos de escrita que ensinam a perceber melhor a vida.
pegar num livro, naquele livro preciso, e visitar aquela frase, perceber que se fez luz e foi simples compreender.
não compreender é que é incompreensível. sempre foi. nunca deixará de ser.
sábado
surreal
os budistas, que não precisam acreditar em deus, crêem que há uma lei de causa e efeito, o karma que carregamos. aplicam-na à alma, ou à consciência, que migra para lá do corpo físico que perece.
a haver efeito das minhas acções e pensamentos, conto ter um superavit na próxima encarnação - se as há.
e a minha alma, se é que existe, arrisca-se a ser recordada 'like an angel' - bem querer e bem fazer.
nesse tempo, haverá olhos que sorriem à memória de um rosto que olhou sempre de frente, sem medo que o céu lhe caisse em cima, sem pudor pelas lágrimas soltas, só com o temor do sofrimento por ter amado inadvertidamente, de mais.
...as crias, os amantes, os amigos, os de sangue.
um ser que acreditava no espírito livre, como no inusitado que nos supreeende e doí, sem que possamos fazer o que quer que seja. it's just life.
que um dia, nesse dia de passagem, ninguém o chore de arrependimento. que se evoque o riso e o insensato descaramento de nada esconder. não há palavras que antecipem o que na vida é fazível, físico e factual - embora não as conheçamos todas.
que se recorde a ternura e a atenção mais que a saudade.
o conforto e o afecto mais que a memória vácua.
que seja um dia de sol, ou de águas, feliz e simples.
a haver efeito das minhas acções e pensamentos, conto ter um superavit na próxima encarnação - se as há.
e a minha alma, se é que existe, arrisca-se a ser recordada 'like an angel' - bem querer e bem fazer.
nesse tempo, haverá olhos que sorriem à memória de um rosto que olhou sempre de frente, sem medo que o céu lhe caisse em cima, sem pudor pelas lágrimas soltas, só com o temor do sofrimento por ter amado inadvertidamente, de mais.
...as crias, os amantes, os amigos, os de sangue.
um ser que acreditava no espírito livre, como no inusitado que nos supreeende e doí, sem que possamos fazer o que quer que seja. it's just life.
que um dia, nesse dia de passagem, ninguém o chore de arrependimento. que se evoque o riso e o insensato descaramento de nada esconder. não há palavras que antecipem o que na vida é fazível, físico e factual - embora não as conheçamos todas.
que se recorde a ternura e a atenção mais que a saudade.
o conforto e o afecto mais que a memória vácua.
que seja um dia de sol, ou de águas, feliz e simples.
sexta-feira
manual de instruções (V)
não vale a pena exigir de outrem
o que esse alguém
não pode ou não quer dar
[assim como nenhuma atitude drástica deve ser levada à letra]
* * * * * * * * * * * * *
a vida vale pelo afecto
na afeição aos sítios, à memória dos locais,
e, quando se rompe, não se volta lá.
a vida tem o valor dos afectos
porque nos afeiçoamos aos outros - cada pessoa é única.
e,... ?
o que esse alguém
não pode ou não quer dar
[assim como nenhuma atitude drástica deve ser levada à letra]
* * * * * * * * * * * * *
a vida vale pelo afecto
na afeição aos sítios, à memória dos locais,
e, quando se rompe, não se volta lá.
a vida tem o valor dos afectos
porque nos afeiçoamos aos outros - cada pessoa é única.
e,... ?
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