AS MULHERES TÊM TODAS UM PONTO DO CORPO, UM RECANTO DA CIDADE, UMA HORA DO DIA, QUE SÃO NELAS COMO QUE UMA PORTA SECRETA, PELA QUAL PODEM SAIR DE SI PRÓPRIAS, DA SUA TIMIDEZ, E PENETRAR EM TODA A ESPÉCIE DE LOUCURAS, GRAVES OU VENIAIS.[Erik Orsenna]
quarta-feira
o segredo do negócio
depois de, há uns anos, ter havido uma onda de personagens com variadas deficiências(?), a indústria cinematográfica descobriu, mais recentemente, o filão dos filmes sobre a identidade de género. é uma moda.
como moda, a noite dos óscares reflectirá isso mesmo - desde logo, com "O segredo de Brokeback Mountain". nos cinemas portugueses passam ainda "Capote" e "Transamerica", depois de "Odete", e antes de chegar o novo de Neil Jordan, "Breakfast on Pluto" (na imagem).
pergunto se a estas vagas de exibição cinematográfica corresponde maior respeito/aceitação da diferença?
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5 comentários:
A curiosidade move "montanhas" e é isso que leva muito boa gente a ver estes filmes... mesmo que depois saiam da sala de cinema a dizer que se sentem mal dispostos...
Não me parece que haja mais respeito ou uma maior aceitação da diferença... Tal como tu dizes, é uma moda. E prova disso é o facto do próprio Ang Lee já estar a trabalhar no seu novo filme que explora a relação amorosa entre duas mulheres.
No meio de tanto preconceito há aqueles que conseguem apreciar um filme assim... como Brokeback Mountain... por toda a beleza natural e por um segredo tão bem guardado.
Independentemente da sua contribuição para a aceitação da diferença, esta vaga (já não era sem tempo, apetece-me dizer...) contribui para a VISIBILIDADE de algumas diferenças dentro da(s) maioria(s). E isso é papel suficientemente importante. Tenho visto muito boa gente que acha que "não conhece" nenhum gay a ir ver "O Segredo..." e a gostar e a pensar...
É que o que não se vê, o que não se conhece, não existe!...
Acabei de vir do cinema onde vi "Transasmerica". Escolhi o filme porque estava com a cabeça tão cheia de problemas que quis ver como lidava uma pessoa que nasceu no corpo errado com a transição e com o seu passado. Gostei imenso. Não há exageros, não cai no ridículo, as interpretações são brilhantes, não só Felicity Huffman, mas todas as personagens estão bem caracterizadas.
Brodeback Mountain ainda não vi porque não tenho andado com paciência para histórias de amor. Porque, segundo sei, não é mais do que isso.
Preferi Syriana e Munique - outros temas também actuais.
Sinceramente, acho que o que tem valido a todos os filmes é o bom enredo, a boa construção das personagens, as interpretações, a fotografia, a realização...
Vejo esta vaga cinematográfica apenas como um contributo de bom cinema.
Que Hollwood é um negócio isso já todos sabemos. Mas afinal é só a história bizarra que vende ou é muito mais do que isso?
Quantos filmes são um flop e têm actores e realizadores com nomes sonantes?
Encaro com muito mais curiosidade North Country com Charlize Theron.
Bjs
Nem mais: a próxima obra de Ang Lee surge assim como uma espécie de sequela desta 'moda'. e as modas (também) servem para alimentar o negócio...
c.
também acho que'já não era sem tempo', mas tenho muitas dúvidas sobre as vantagens da visibilidade tal como está a acontecer. no limite, temos o exemplo dos circos de antigamente, onde se exibiam as 'bizarrias'; isso mudava alguma coisa no comportamento das pessoas em relação à diferença? falta sobretudo pensar e conversar sobre...
eva:
um flme vale por isso tudo, pela forma como está feito e pela coerência da história, pelo impacto quie nos provoca.
gostei bastante do Munique -iluminou, embora com dúvidas, coisas que ouvira falar vagamente -e menos do Syriana.
estou muito curiosa sobre o Boa Noite e Boa Sorte, de George Clooney e, é claro, pelo North Country - dois casos que marcaram história. bjs
Isso mesmo! Falta pensar e conversar sobre. E não poderão estes filmes, com a visibilidade que têm (não há nada mais "mainstream" que os óscares de Hollywood!) funcionar como um pretexto para conversar e levar as pessoas a pensar sobre? É que quem o faz habitualmente continuará a fazê-lo, quem nunca o fez terá aqui um óptimo pretexto para começar? A mim, parece-me que sim!
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