sábado

final (5)

não foi preciso muito para chegar a este estado de fenação.
colhi uma doença quando a adolescência chegou. escapei da morte ou da tetraplegia. penei pela salvação anos a fio. cuidei-me, cultivei-me. sobrevivi à entrada no mundo dos crescidos. arranjei trabalho. uma família. dispensei a vidinha. despedi-me do emprego. procurei um pouco de felicidade. paguei um preço. era um livro aberto para os outros. conselhos, ajudas, apoios. finei-me em tanta empatia.


ontem "não faças asneira". hoje, "se pudesses escolher, o que farias?" crianças, respondi. trabalhava para elas, com elas. foram os tempos mais felizes: fazer pinturas, rasgar revistas, fazer artefactos com jornais, teatro, bonecos de trapo e jogos de rua. quando chegar ao guichet de são pedro, vou perguntar onde é o infantário. um sítio com gente de verdade.

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