domingo

final (6)

eu queria ter um radar para a essência das pessoas. cheguei a pensar que era a intuição, essa coisa indefinível a que chamam sexto sentido. podia também ser o coração, quando nos diz, no íntimo, que é verdade o que vivemos. a plenitude. enganei-me algumas vezes, mas nunca com as consequências de agora. só consigo adivinhar o trivial das mundanidades: se a é mais infantil, se b é emocionalmente dependente, se c é desmesuradamente ambicioso, se d é imaturo ou apenas um indingente.


ela diz que nunca amara assim. respira essa certeza como as almas gémeas que se encontraram algures na américa do sul, no tempo da arte nova e do tango.

foi só a primeira das tangas, provavelmente. uma peça do puzzle da mentira montada e consumida. o que interessa mesmo é alguém orientar-se neste mundo, como as hienas numa batalha na selva. pode haver prazer e paz e até bondade excessiva, tranquilidade e bem-querer - são 'detalhes' que uma alma demente nunca saberá pesar - sobrevive com a infelicidade diária. pode-se descambar numa dor infinita, descabelar o mais equilibrado dos seres... a arquitecta do sofrimento não tem palavras que o expliquem. dá-se conta e omite, não se dá conta e mente. vive e nega e vive e nega, o que experimenta em razão, emoção, corpo e espírito. nesse ponto, alguém se pergunta: meu deus, porquê eu?!


é preciso ir além para encontrar a resposta.

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